E prontos para outro...
Imagem daqui
“Se conheci momentos de entusiasmo é à arte que os devo. E, contudo, que vaidade, a arte! Querer pintar o homem num bloco de pedra ou a alma com palavras, os sentimentos com sons e a natureza numa tela envernizada…”
G.Flaubert
Tem sido como espalhar ouro em pó pelo ar. A cada momento em que cedo à fraqueza humana. Rendido eu próprio ao efémero momento em que a poeira dourada é esplendorosamente revelada pelos raios de sol. É porém na completa ausência de avareza que desisto desse gesto tão comum a toda a gente, cansado da inutilidade dele, para mim. Esse breve espectáculo vazio e supérfluo.
Volto agora desses dias em que espalhei o pó perante olhares diferentes. Volto. Como um tesouro seguirei juntando tudo. Ou dissolvendo-o como artífice que sou, nas pequenas peças, frutos do meu talento. Construo-me no gesto, sendo o caso a ausência dele, ou a sua transfiguração.
Se algum dia surgir quem abra o baú por sua própria graça, prometo partilhar todo ouro, seja ele maldito ou não. Mas essa é simplesmente outra história.