sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Celebrações.

As celebrações merecem alguma reflexão pela ordem dos acontecimentos.

Natal
Este, apesar de ultimamente toda a gente gostar de destacar o lado comercial para o qual começou a pender, continuo a dar destaque porque acho que de facto é bem mais do que isso. Para mim é a desculpa perfeita para almoços e jantares em familia, todos reunidos. Claro que uma prendinha...

Dia de São Valentim
Este é daqueles dias que acabaram completamente desvirtuados. Isto de andarmos todos aos pulinhos porque é suposto demonstrar um esbanjo de contentamento porque recebemos uma almofada em forma de coração para pôr no carro, quando no resto do ano, nem um bombom, é enervante.
A verdadeira essência deste dia descambou. Na verdade, o objectivo era quem encontrasse um Valentim ia jantar fora... tem tudo a ver com a busca do Valentim. Claro que o nome Valentim não ajudou, se fosse João, André, Filipe, era mais fácil concretizar um jantar. Assim... resultou no que vemos todos os anos.

Carnaval
É outra altura que não se percebe porque temos de andar forçosamente aos pulinhos de alegria só porque sim. Tinha agora a deixa para entrar nas explicações, hoje muito em voga, ligadas à crise, do "dêem-lhes pão e circo", mas nem vou por aí... vou arrumar as asinhas que me dificultaram os passos de dança no sambodromo.

E tenho dito:)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

terapêutica anti-calimero

 "Anyone who thinks they are too small to make a difference has not spend the night with a mosquito"

Anita Roddick

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

perdão mas... em que ano é que estamos?

Ainda pensei que fosse do excesso de trabalho, das noites mal dormidas, ou o princípio de uma bananose (falta de tempo=comida viril facilmente transportável). Tanto assim foi que chocalhei a cabeça, neuroticamente pisquei os olhos, respirei fundo e voltei a olhar. Nada. Nada se havia alterado. A devolver-me o mesmo olhar estúpido estavam as seguintes notícias:

PSP apreende livros por considerar pornográfica capa com quadro de Courbet.
E fica ainda melhor: A PSP de Braga apreendeu hoje numa feira de livros de saldo alguns exemplares de um livro sobre pintura. a polícia considerou que o quadro do pintor Gustave Courbet, reproduzido nas capas dos exemplares, era pornográfico, adiantou uma fonte da empresa livreira.

Pastor evangélico brasileiro recusou dobrar a voz de Sean Penn em "Milk".


E depois isto:




Protestantes de igreja anti-gay à porta dos Óscares

Será tudo isto uma brincadeirinha de carnaval?

P.s.: Caros senhores polícias facilmente exaltados, que têm a dizer sobre aqueles calendários avantajados e revistas ousadas, expostos em quase todos os quiosques de rua, logo ao lado dos gatinhos a brincar ou da virgem maria?

sábado, 21 de fevereiro de 2009

lá se vão os 100 dias...


Aquando da eleição de Obama  lembro-me de ter lido, com alguma estranheza, que lhe seria dado um período de tréguas. 100 dias totalmente livres de críticas. Até hoje desconheço se tal medida foi fruto da Obamamania ou se todos os presidentes recém eleitos têm direito à mesma cortesia. 
Enfim, isso agora de pouco ou nada interessa pois a malta é sempre pouco de fiar e, a brincar a brincar - so they say...-, a língua viperina, não se compadecendo com jejuns, logo tratou de fazer o gosto ao dedo.

Aparentemente sem nenhuma subtileza, o New York Post publicou este cartoon (se clicarem ele cresce) onde Obama está supostamente representado por um chimpazé. Mas não é o que vocês estão a pensar. Não, credo! Que coisa de mais mau gosto! Eles apenas estavam a fazer um paralelismo entre um ataque de um chimpanzé, ocorrido esta semana, e o plano de estimulação económica.

Huh-hummm

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Acaba a semana e estamos...


... a morrer com falta de saúde. Snif!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

domingo, 15 de fevereiro de 2009

O fim último da vida...

O autor deste texto é João Pereira Coutinho, jornalista.
Vale a pena ler!

"
A criança nasce, não numa família mas numa pista de
atletismo, com
as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação
aos quatro,
lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um
exército de
professores, explicadores, educadores e psicólogos, como
se a
criança fosse um potro de competição.·
Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente
nas
sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas
construída
com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos
outros, em
progressão geométrica para o infinito
É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o
maridinho de
sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os
restaurantes de sonho.

Não admira que, até 2020, um terço da população
mundial esteja a
mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e
do burro:
quanto mais temos, mais queremos.Quanto mais queremos,
mais desesperamos.
A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que
acabará por
arrasar o mais leve traço de humanidade.O que não deixa
de ser uma lástima.·
Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo
Montaigne,
saberiam que o fim último da vida não é
a excelência, mas sim a felicidade!"

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Joke da semana

"Sabes o que vou oferecer à minha namorada?

"?"

"Um cinto..."

"?????"

"Um sinto muito mas estou teso"

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

insert joke here

Depois da política, Presidente da República quer atrair jovens para a vida cultural
13.02.2009 - 08h43 Vítor Belanciano

"Os jovens continuam na agenda do Presidente da República. O ano passado Cavaco Silva mostrou preocupação com o afastamento dos jovens da vida política e a primeira jornada do Roteiro para a Juventude foi dedicada ao associativismo juvenil nas vertentes empresarial e estudantil. Agora, na segunda jornada do mesmo programa, é a cultura que está em evidência.

Hoje e amanhã, vai visitar cinco associações. São realidades diversas, mas também exemplos com algumas semelhanças, de associativismo de cariz cultural e artístico, ao mesmo tempo que desempenham um papel na integração dos jovens na comunidade.

É isso que acontece com a CISTUS, no Tramagal, 11 anos de vida, a primeira associação a receber a visita de Cavaco Silva. Tem-se distinguido pela realização de festivais como o Tramagal Intercultural, o Efeito Borboleta, dedicado a bandas pop emergentes, ou pela participação em projectos de intercâmbio internacional, através do programa Juventude da União Europeia.

Em todas as actividades, segundo um dos sócios-fundadores, Bruno Neto, existe a intenção de "envolver o sector económico, cultural e instituições públicas", no sentido de "potenciar aquilo que se faz na região", numa lógica integrada de "desenvolvimento sustentável."

O financiamento vem da Câmara de Abrantes e do Instituto da Juventude de Santarém, mas a maior deficiência prende-se com o espaço - no mercado local - que desejam ver melhorado. Hoje, Cavaco Silva, entre outras coisas, poderá ver exposições de pintura e fotografia, ver criações de moda e ouvir grupos pop.

Durante a tarde, estará no Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo, situado no Convento da Saudação. Dirigido pelo coreógrafo Rui Horta, existe desde 2000, e é uma estrutura de apoio a criadores nacionais e estrangeiros, por onde passam 700 criadores por ano. Ao final da tarde visitará a ANIME, na Quinta do Conde, Sesimbra, conhecido pelo PIPA, projecto de inclusão pela arte, especialmente dirigido à população jovem local.

Amanhã, visita a oficina dos Artesãos de Guitarras, onde trabalha o Mestre Gilberto Grácio e dois jovens de 28 e 32 anos, e o centro de experimentação artística Lugar Comum, na Fábrica da Pólvora, em Barcarena, Oeiras.

Inaugurado em 2000, o centro desenvolve múltiplas actividades, entre exposições, festivais, workshops, residências artísticas ou espectáculos de teatro e dança.

Fernando Pêra, o actual responsável, destaca o papel de "laboratório das artes", onde é possível a qualquer artista criar, numa lógica de abertura à experimentação. Com ligações a redes artísticas internacionais, acolhe artistas estrangeiros e coloca portugueses lá fora. O espaço, da Câmara de Oeiras, "possui todas as condições estruturais", elogia Pêra. "


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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A fruta.


São sempre curiosos os nomes atribuidos aos casos de investigação levados a avante pela Polícia Judiciária. A seriedade da situação contrasta sempre com o nome-código que lhe é agrafado devido à sua secrecidade. É com algum divertimento que tenho ouvido falar no caso coiote, caso cotovia, caso falcão... E é imaginando como será na prática o tratamento destes casos que sorrio. Quem é que consegue não rir com a afirmação peremptória "Foi destacado para o Caso Cotovia!". A seguir só se conseguiria ouvir "Corta" porque actores e equipa de filmagem não conseguiram disfarçar e desataram a rir. (Nunca deixo de pensar que deve ser uma diversão ser actor num filme de comédia...).

O caso que, recentemente, me voltou a impressionar com um nome imaginativo, faz parte do Caso Apito Dourado, foi hoje arquivado, e responde pelo nome de Caso da Fruta. Tratava-se de um caso de corrupção desportiva, em palavras mais claras, de oferta de favores sexuais aos árbitros após os jogos.

O meu pensamento foi rapidamente levado para a telenovela brasileira que nos deixou a cena memorável da actriz Cláudia Raia com o seu top justo e avantajado , na sua banca de fruta no mercado, a apregoar "Quem quer melão, melão??".

Lá está, tudo não passa de um verdadeiro caso de fruta.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

É como se...

É como se um mar imenso, de um azul escuro profundo, estivesse a ser sustido por uma barragem que tranquila sustenta essa força invisível mas pujante, esse silêncio azul escuro...

É como se o ar contaminado por qualquer frio se tornasse como o aquele mel translúcido que no inverno se vai tornando opaco e espesso qual turvo âmbar...

É como se o dia de repente parecesse um daqueles jornais imensos que se nos baralha nas mãos, que se enxovalha desajeitadamente sempre deixando cair uma folha, que nos entorta as noticias por linhas que se transformam em manchas sem nunca chegarmos às tiras satíricas, quais polaroids da vida em 3 ou 4 imagens...

É como isto e aquilo, é como tudo e nada, é como o relógio que marca sempre um tempo que me antecede...

É como se o céu se colasse ao mar sem Lua ou Sol reveladores...

É como se...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Menos

ou desabafo#122322775785686979796706060707060543

O mesmo se verifica em "No Sex Last Night" pois as...
Já dizia o Daniel Faria que...
Curtius no seu topos do Homoviator...
bla, bla, bla...

Após vinte minutos de exposição, a recuperar o fôlego e aliviada por dar o prototrabalho como terminado, fito finalmente as pessoas à minha volta para me aperceber que todos me olham com ar de ponto de interrogação. Desapareceu nesse preciso segundo qualquer remoto resquício de "exposição clara e concisa" e muito possivelmente qualquer coloração que a minha face poderia apresentar.
Olho a medo para o Grande Juíz e encontro um sorriso de Gioconda. Definitivamente as coisas não me estavam a correr bem. Depois do que me pareceu uma eternidade, a boca Davinciana começou lentamente a movimentar-se e dela saiu:"Está perfeito mas é demais".
Enfim, uns saem com um livro de encargos quilométrico e eu com um onde se lê "está tudo óptimo, escusa de trabalhar tanto".

Menos é o novo mais e é essa a máxima que todos me têm dito há já demasiado tempo.
E será que é isso, será então que só me falta menos?

bla, bla, bla...
Para Freud poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons...
"It's not enough that we do our best, sometimes we have to do what's required", dizia-nos Churchill...
No Livro da Selva, Mogli cantava alegremente "Necessário, necessário, somente o necessário, o extraordinário é demais" porque...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Pequenas coisas que nos dão prazer#7


Finalmente na minha parede após tanto tempo de procura e quase esquecimento. Não podia estar melhor:) Thanks!;)

UMA COISA EM FORMA DE ASSIM

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Diagnóstico Clínico

Após meses em que intermitentemente me transformava numa criancinha etíope, fiz o que qualquer pessoa normal faria: fugi do médico como algumas pessoas fogem da salsa (não contestar a frequência ou abrangência deste fenómeno).

Meses volvidos, já total e permanentemente etíope, lá me fiz a mulherzinha que o B.I. diz que sou para, com grande espanto, ouvir do médico - que só não é mais simpático porque é escandalosamente parecido com o Bagão Félix - o enigmático diagnóstico:

- Você é muito palpável e tem uma barriga muito inocente. (????)


Sou só eu ou há aqui um insulto algures?

A esperança não existe para ser perdida.

Tenho uma amiga que quer muito ter filhos. Não consegue apesar de ter tentado tudo durante os últimos três anos. O peso da responsabilidade de ter um filho começa a pesar, por ter demasiado tempo para pensar sobre o assunto. Por andar a insistir num facto que a Natureza não lhe deu com simplicidade. Quase que, no fundo, tem medo de ser castigada por isso. Tem tido demasiado tempo para pensar sobre o assunto e arranjar explicações que a ciência não explica.
Tenho uma amiga que sempre que desabafa connosco não consegue evitar que as lágrimas lhe venham aos olhos e chora. A dor dela é tão grande que dificilmente evito que as minhas lágrimas façam companhia às dela. Por muito que lhe demos mais argumentos esperançosos não conseguimos fazer nada que apazigue essa mágoa e tentativa de resignação com a realidade.


As lágrimas foram disfarçadas e o que mais nos surpreendeu foi um dos rapazes que nos estava a servir ter discretamente trazido um copo de água. Assim, como quem não quer a coisa estava atento e fez mais do que servir o jantar.






Tenhos amigos que hoje me tentaram fazer perceber que tenho de aprender a ser mais egoísta. Não pensar tanto no que os outros podem sentir como resultado de alguma acção minha. Tenho que irromper no egoismo deles com o meu próprio egoismo.
Esta semana, está a ser uma autêntica lição:)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Augusto, de seu nome


Eu bem vou dizendo que o surreal me irrompe pela vida...

Hoje foi mais ou menos assim:
Às 18:30 vou a sair da ESML, em Benfica, paro no semáforo e avisto um coelho no passeio... A rapariga que caminhava em direção à escola olha para ele e opta por ignorar, coisa típica do pessoal que prefere desligar uma certa parte deles próprios ou nasce mesmo sem ela. Para ilustrar o caos que é o cruzamento junto ao qual o coelhinho inocente passeava posso dizer que, ainda não há muito tempo, um saxofonista de Jazz ali foi abalroado por um camião.(sim um camião TIR) Não me contive e fui ao pé dele, que foi fugindo sem muita convicção, até que por fim se deixou mesmo apanhar. Deixa-lo ali era condena-lo à morte. Ainda olho em volta, à espera de uma ideia brilhante, de avistar um atalho para o Monsanto ou sei lá o quê, até que desisto e decido meter o coelho no carro.

Ainda no caminho, no lugar do pendura, é solenemente batizado de Augusto em memória de Aníbal Augusto Sardinha - "Garôto" - a propósito do samba que eu vinha a assobiar. Modus Pensantis, que andava a laurear a pevide no El Corte Ingles, fica incumbida de lhe comprar qualquer coisa própria para o alimentar e é assim que dou por mim com um coelho aqui em casa, dentro de uma caixa.

Aceitam-se:
-Propostas de adoção, devidamente acompanhadas de um perfil psicológico.
- Medalhas da WWF, Greenpeace, Quercus, etc...
- Mensagens de incentivo tipo: na China dizem que encontrar um coelho dá sorte, no Laos dizem que quem encontra um coelho vai ter boa saude durante 70 anos...
- Receitas de coelho (tou a brincar claro, que já me afeiçoei ao bicho para além do mais sou semi-vegetariano)


Qual é coisa qual é ela...

que segundo o Parents Television Council* se pode qualificar como "psicopatas narcísicos que escolheram mostrar outro dos momentos mais baixos da história da televisão" ?

Hum... o Canal Parlamento já foi agregado à RTP Internacional? Ou eles referem-se ao recém inaugurado Canal da Presidência?


*Militantes contra a exposição das crianças americanas às cenas que consideram animalescas, escritas por argumentistas imorais (a propósito do 1º episódio da 5ª temporada de Nip/Tuck)

Estados de alma #3

"Oh, we're sinking like stones,
All that we fought for,
All those places we've gone,
All of us are done for.
We live in a beautiful world,
Yeah we do, yeah we do,
We live in a beautiful world, "
Coldplay, Don't Panic


"I don't know who you are
But you seem very nice
So will you talk to me
Shall I tell you a story
Shall I tell you a dream
They think I'm crazy
But they don't know that I like it here
It's nice in here, I get everything for free"
Key's Choice, Everything for free


"My past, my future, my disease
Perhaps collapse to make me seize
A moment just a breeze
Greatful, humble I allow
These words to be the past somehow
I wonder
Am I here now
Am I here now
I feel, hear, see and it confuses me
I am wrong
I am here now
Is mine
I'll take it all around the world
Take my future past, it's fine
But now is mine"
Key's Choice, Now is mine


"Pay my respects to grace and virtue
send my condolences to good
give my regards to soul and romance
they always did the best they could
and so long to devotion,
you taught me everything I know
wave good bye, wish me well"
The Killers, Human







terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Eu nunca...

... fiz um ménage a trois;

...comi trufas;

...comi a namorada do amigo;

...fui a Paris;

...dei um concerto integralmente com música minha;

...fiz um soufflé;

...vi o Keith Jarret ao vivo;

...fiz amor na praia;

...andei a cavalo;

...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

palavra do dia



"Estultícia"

mormente associada a uma outra, desta vez um verbo: procrastinar.

Quando é que se aprende mesmo? Aos 40?
(suspiro)

Amizade...


Há dias, em que não percebemos as acções daqueles que nos rodeiam porque não sabemos o que estás por trás, se um dia que começou mal, se uma doença de um familiar, tantas razões que podem ser.

Embora seja facto adquirido que não temos de levar com a insatisfação dos outros, quando se trata de amigos tentamos perceber o que se está a passar. Preocupamo-nos.

O mesmo poderá ser quando o telefone toca fora de horas, quando há um pedido relativamente simples, sem uma razão de peso aparente, quando simplesemente precisem da nossa presença.

Nessas ocasiões, vamos sem cobrar porque se nos "chamaram" é porque é importante e talvez precisem apenas de sentir que estamos lá. Não temos de resolver nada, só temos de sentar ali ao lado e mostrar que não é grave, nada mais.


... é disponibilidade. Mesmo que naquele momento não dê, é prontificarmo-nos para mais tarde. É saber que podemos contar. É a familia que escolhemos. Por isso, a dor da desilusão é maior quando vemos que podemos ter escolhido mal.






domingo, 1 de fevereiro de 2009

« O imperfeito é o tempo do fascínio:parece estar vivo e, no entanto, não mexe: presença imperfeita, morte imperfeita; nem esquecimento, nem ressurreição; unicamente o engano esgotante da memória. Desde o princípio, ávidas de um papel, as cenas preparam-se para a recordação: muitas vezes sinto-as, prevejo-as no próprio momento em que se formam. Este teatro do tempo é precisamente o oposto da procura do tempo perdido; pois recordo-me pateticamente, pontualmente, e não filosoficamente, discursivamente: recordo-me para ser infeliz/feliz - não para compreender. Não escrevo, não adoeço para escrever o enorme romance do tempo reencontrado. »

Roland Barthes ( Proust), Fragmentos de um Discurso Amoroso