quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A geração que nos acompanha.


Tenho observado. Tenho ouvido. Tenho lido. Todos de formas diferentes acusam um certo mal-estar desconhecido. Uns mais do que outros. Mais conscientes do que outros. Mais ou menos resignados, no fundo, sentem que algo se passa e não sabem identificar o quê. Frases recolhidas, desabafos sublinhados... eles andam a sentir-se sós. Estão sós embora não estejam sózinhos.
Foram apanhados nas redes da mudança singular da vida. A fase em que tudo muda sem fazer barulho, mas faz mossa. Ninguém avisou. Ninguém pensou não estar preparado.
Para trás, começam a somar-se tanto tempo como o que nos espera à frente. As coisas começam a mudar, no terreno conhecido surgem areias movediças. E, num ápice, os cenários mudam. Ou aparecem filhos que nos privam de fazer as noitadas semanais com os amigos, pelo menos numa primeira fase (pensamos repetidamente). Ou então, ao querer retomar os velhos programas, os de sempre, as disponibilidades já não são iguais... Estes, que não optaram pela constituição de familia, exigem tempo dos outros, querem de volta os velhos tempos, por achar que não mudariam. Os outros rematam que quando tiverem filhos vão perceber. Só aí vão compreender. E enquanto cada um vai refazendo o seu caminho com os melhores ajustes às mudanças... a esta inesperada passagem para o nível de adultos, vão tentando preencher o vazio que surgiu. Vai ficando claro que não é com o retorno dos velhos tempos que deixarão de sentir-se sós. Entre buscas de conforto onde não o podem encontrar, verão que juntos sentir-se-ão menos sós. O melhor ainda está para vir para a geração que nos acompanha.

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