segunda-feira, 30 de junho de 2008

Das conversas...

e da minha fraca capacidade de memorização.

Caro amiguinho, esta é para si:

"Entre dois perigos me equilibro: de um lado ameaça-me a ávida boca do excesso, do outro a amargura da avareza que de si mesma se alimenta. E teimo na recusa de optar entre a orgia e a ascese, ainda que com isso me sujeite ao suplício em brasa dos desejos."

A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer, Stig Dagerman

Pensando bem, esta é um bocado para todos.

domingo, 29 de junho de 2008

Planetas diferentes.

A noite quente. A esplanada apetecível. O sumo de abacaxi e hortelã pedido. Uma consulta demorada do menú a escolher o potencial jantar delicioso. Entre frases soltas, cada uma no seu tema, conversas de quem se conhece à muito tempo, que não precisam seguir uma linha condutora para a outra pessoa conseguir facilmente segui-las, surge a frase: "Os homens, no fundo, andam à procura da princesa encantada!"
Continuaram a ler o menú, beberam um pouco de sumo, olharam em redor, tudo permaneceu inalterado após o que foi proferido em voz alta. Pensar que uma transposição tão simples de vontade pode ser feita entre géneros. Pensar que ela estava tão mais descansada desde que lhe disseram isto. Pensar que há situações em que preferimos acreditar no que ouvimos para amenizar a confusão que não conseguimos decifrar, mas à qual não desistimos de pertencer. Lá mesmo no fundo, é como o livro, as mulheres são de Vénus e os homens de Marte.

Descubra as diferenças



São sósias, com a particularidade de serem ambos mundialmente famosos... Eu a tentar explicar o quanto eram iguais a um amigo e ele a dizer: naaaa! não podem ser assim tão parecidos!

Um já morreu, portanto não podem trocar de vidas, mas se ainda andassem os dois por aí...

Stanley Kubrik
Salman Rushdie

Folhas soltas. Ontem e hoje.

A primeira descobri num caderno, e tinha esquecido completamente tê-la escrito. A segunda é bem recente, foi escrita ontem, mas na metáfora do título pertence a hoje.

O estranho é pensar que mudei tanto nos anos que os separam os dois textos, e no entanto tanta coisa ainda recorrente, ou latente. Palavras, ideias, sentimentos. Até os ataques de rima, sensivelmente nos mesmos sítios... Fiquei com a sensação de estar a andar em círculos apesar de tudo o que mudou. Apenas a maturidade. Uma sensação de estar a partir pedra.


8/2004

Não sabemos quem somos
quando não existe uma verdade
que nos reparta a vida.
Apenas uma angústia
que cai junto com a noite
e desperta as incertezas.
Um barco à deriva,
sem vela nem vento.
Um vago sentimento,
desnorte, desalento.
Sendo o mar um infinito
que não sabemos desbravar,
fraco é o consolo
saber que há um amanhã
sentir força
sem saber para onde remar.



6/2008

Nada mais do que o vento.
O azul, a consistência do sonho
Na transparência dos dias,
em que nada se mede,
e pouco se sente.
Como se confunde
a evidência da vida,
da pena ao pensamento.
Da euforia ao desalento.
Do fôlego à alma.
E nada mais do que o vento

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Dos porquês



Signs that Say What You Want Them To Say and Not Signs that Say What Someone Else Wants You To Say, Gillian Wearing  (Tate Collection)

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Assoberbada

assoberbar

v. tr., 
         vexar
         humilhar


Assoberbada fico quando me lembro do que um dia já soube e hoje desconheço.


assoberbar

v. refl., 
            tornar-se soberbo


Overwhelming (t)

A inteligência alheia é-nos por vezes esmagadora, trespassando os mais complexos recantos do nosso cérebro, assumindo a forma de siglas, símbolos ou signos que detemos, numa posição ou uso que desconhecemos. Ou desconhecíamos.

Uma vez açambarcados por algo overwhelming, e ultrapassado o choque inicial, perguntamo-nos os mecanismos.  "Como? Porquê?". Resposta fácil mas de domínio restrito: Criatividade. Digo criatividade e não raciocínio porque a primeira engloba o segundo. Um raciocínio faz-se a partir de um encadeamento de ideias, um encadeamento não arbitrário mas sim pessoal, individual, criativo. E a lógica onde entra? Igualmente na criatividade. Aquilo que conhecemos como lógico já foi um dia parco do seu próprio cariz. As lógicas e contra-lógicas foram sempre fruto de algo comum, posicionado ou usado de uma forma incomum, cujo resultado final surtiu maior ou menor aceitação nos que com elas se depararam. Logo um exercício criativo de quem elaborou e sintomático de falta de destreza de quem simplesmente acatou. 

Não quero dar azo a más interpretações (ainda que criativas), o deslumbramento é natural, salutar até. O estranhamento também. Mas a verdadeira sapiência define-se pelo processo que se segue, pela forma como trabalhamos, ou nos apropriamos de, algo que nos ultrapassa. A capacidade de conviver, assimilar e transformar "nosso" o que nos é desconhecido ou superior.  Alcançar-lhe o âmago, criar-lhe novas formas e, não humildemente mas esperançosamente, ver a nossa criação ser desmembrada.


Overwhelming (p)

"Quando vejo uma obra de arte, sinto o calor dos anos a passar por nós."
x, sete anos de idade.

The world fascinates me.


Questões que me assaltam a mente com frequência:
1.Até onde deixar que chegue o egoísmo dos outros?
2.Porquê que há pessoas que têm de falar mais alto numa reunião só para fazer as suas ideias prevalecer, atropelando as idéias dos outros?

Truques de beleza.

Coisa que uma mulher não resiste é a uma dica de beleza principalmente se vier com a sugestão de loja onde se comprar por um preço acessível. Ontem, descobri que existem gotas de silicone para o cabelo. À conversa entre duas raparigas, juntaram-se todas as outras que estavam a vestir-se, porque uma boa dica não escapa a ninguém e todas pediram desculpa por se intrometerem na conversa, "mas onde é que se podia mesmo adquirir as gotas?". E lá saimos todas contentes pela descoberta e sobretudo todas com novas amigas no ginásio!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Meteorologia!

Ouço sempre com alguma curiosidade os comentários dos jornalistas que entram em directo sem nada de especial para dizer, só porque têm de entrar em directo e se há alguma coisa interessante ou não, não interessa.

"Hoje parece que o São Pedro se zangou com o São João! Esta noite vai ser longa e com mau tempo..."

É encorajadora a inspiração que o stress de um directo pode provocar.

A altura de colocar os óculos cor-de-rosa.

A selecção ficou pelos quartos de final. O desalento foi imediato ao final do jogo. Qual fim de espectáculo, as luzes acenderam-se, todos se levantaram ao mesmo tempo, a querer sair sem demora da sala. Como se a rapidez pudesse afastar a tristeza espelhada nos rostos. Como se a rapidez de sair da sala, os mergulhasse novamente na corrente turva que o exterior da sala pode significar e levá-los a esquecer.
Saidos da sala, ainda com o cheiro das pipocas a pairar, cada um para seu lado, embarcam nas águas agitadas da corrente quotidiana. E, é nessa altura, que despertam para a realidade que não os deixa... os combustíveis continuam com preço elevadíssimo, por consequência a crise dos alimentos arrasta-se. Os EUA continuam a queimar cereais lá em cima no pedestal cheio de fissuras. Ao lado, Hugo Chavéz prevendo esta situação ou melhor não querendo que o seu povo venha a passar fome, fez mais uma daquelas alianças de troca de géneros, desta vez com o Brasil, e queima canas de açucar para conseguir um combustível reciclado.
Por cá, andam todos a puxar fogo principalmente às carteiras, endividam-se, na maior parte das vezes, não para obterem bens de primeira necessidade, mas para comprarem o que lhes aprouver pela sensação de poder que o acto lhes pode trazer.
A parte boa é que há bandeiras por todo o lado "será a a vizinha maior que a minha?" e o pessoal vai deixar de ir de férias para o Brasil, uma vez que em breve pode usufruir cá daquela realidade, nada de ter de aturar a presença da classe média!

A causa das coisas

Portanto... o convite não veio em papel timbrado, nem tão pouco embrulhado em subtilezas e cordialidades. Fui intimada. Não reclamo, foi um típico caso, não de olho por olho, mas de casa por casa. Abri as portas da minha e, por conseguinte, abriram-me as portas da sua. E também convenhamos, um pouco de equilíbrio, inventado ou não, nunca me ficou mal.

Acompanhando a tendência existencialista que se fez sentir nas últimas 72 horas, que de uma forma ou de outra nos tocou a todos, dei por mim a pensar "e agora, quem serei?". Mas o viver em comunidade tem destas coisas, o tipo de coisas que nos leva a virar para o lado e atirar "resolve lá isso por mim". E assim foi. Horas volvidas, e totalmente a despropósito, estava resolvido: Em Modus Pensantis me apresento.

Ainda há muito para conhecer, por isso, de forma implícita e explícita... Bom Dia (,) Comunidade!

Piada de musico

Hoje estreei com os meus colegas as novas intalações da ESML, que estão deslumbrantes. Mas claro que um olhar cuidado descobre que estão longe de ser perfeitas...

- Então mas as salas de canto são maiores que as de piano? Não faz muito sentido.
- Não vês que é para o ego das cantoras caber ali dentro...

Acho um bocado injusto, ainda assim. Desde quando é que os pianistas têm o ego pequeno???

Cheers!!!!

Já viram o anúncio novo da Super Bock? Está um autêntico mimo!

All of these lines across my face
Tell you the story of who I am
So many stories of where I've been
And how I got to where I am
But these stories don't mean anything
When you've got no one to tell them to
It's true...I was made for you

(...)

You see the smile that's on my mouth
Is hiding the words that don't come out
And all of my friends who think that I'm blessed
They don't know my head is a mess
No, they don't know who I really am
And they don't know what I've been through...

Brandi Carlile

Sob o céu

Talvez o Sol, num relance,
me mostre o caminho.
Pois nestas palavras nem o pressinto.
Falta-me o espaço
e tudo foge a uma sagração possível.
Existo?

domingo, 22 de junho de 2008

100 Obras para ouvir antes de morrer Nº7


Esbjorn Svensson Trio - Viaticum

In Memorian


Por vezes perdemos pessoas que faziam parte do nosso universo pessoal, muitas vezes até. Que apesar de não conhecermos pessoalmente nos tocaram de algum modo. Algumas vão simplesmente quando a natureza as leva, sem uma prematuridade gritante. Outras partem deixando o vazio de tudo o que ainda nos poderiam dar.

Esbjorn Svensson, pianista sueco líder de um dos trios de jazz mais singulares da actualidade morreu na passada 4a feira num acidente de mergulho. Aos 44 anos e certamente com muita música para escrever. É difícil resumir e enumerar tudo o que admirava neste musico, mas certamente a forma de encontrar beleza na simplicidade e o gosto por saltar fronteiras são as que qualidades mais me marcaram. 

É triste pensar que o mundo perdeu um musico daqueles que realmente acrescentava alguma coisa, não simplesmente um dos bonecos da industria musical, que só o acaso pôs na ribalta. Este era daqueles que realmente mereciam admiração. É triste pensar que só tive oportunidade de ver um concerto. É triste pensar que houve uma fronteira que este pianista saltou cedo demais.

Até sempre...


quinta-feira, 19 de junho de 2008

"À tua espera";) - Jack Vettriano



Miss u babe:)

Pequenas coisas que nos dão prazer #5

Irmos ao lançamento de um livro, congratular o autor e desejar-lhe sucesso por ter tido a coragem de avançar com o desafio. Quando chegamos a casa, abrimos o livro e descobrimos de forma comovida que o nosso nome aparece nos agradecimentos.


PS: "Transforme-se no seu Personal Trainer de Hugo Pereira. Todos a comprar!:)"

De um lado para o outro #2

A melhor coisa quando estamos fora - é só sentar à mesa para almoçar ou jantar e aguardar que nos sirvam. E, no final, ficar na expectativa sobre a sobremesa reservada para aquele dia.

O menos bom - Se forem muitos dias seguidos, chega uma altura em que começa a parecer-nos que o menú não varia assim tanto. "Crepe com gelado não foi também no primeiro dia?"

terça-feira, 17 de junho de 2008

As Pedras do Caminho

De um lamento a palavra procuro
Que construa o poema que nos restitua a paz e o alento
Que construa uma ponte sobre as mágoas
E que elas sejam as pedras do caminho
Que constroem a estrada do porvir...

Quando o jantar é churrascada...

Em fins-de-semana de grupo, há sempre a refeição que pela força das circunstâncias é churrascada. O tempo está bom. As casas têm sempre um belo churrasco. A churrascada é uma refeição saborosa. Os homens da casa gostam de ter o cozinhar de uma refeição por sua conta. No fundo, conseguem dois em um: divertem-se juntos armados em sabedores da arte de acender as brasas e aliviam as raparigas com o trabalho na cozinha.
Quando o jantar é churrascada é por conta deles. Elas ficam de descanso.
Só precisam de fazer e temperar a salada. As batatas fritas são de pacote. Enquanto eles acendem as brasas, elas salgam a carne.
As gargalhadas na cozinha são uma constante enquanto se espera que a carne grelhe. Fazer a salada, temperar. Cortar o pão, pôr no cestinho. Preparar as azeitonas. Descobrir a toalha de mesa. Garantir que há copos, pratos, talheres, em número suficiente. Pôr a mesa. Certificarem-se apenas de que tudo está pronto para que quando a carne esteja grelhada, seja só sentar à mesa, para não arrefecer.
À mesa todos se deliciam. Há lugar para muita conversa e, pelo meio desta, os cozinheiros, qual mestres a felicitar os seus aprendizes, elogiam as saladas e as batatas. E aparece a sobremesa.
É assim quando o jantar é churrascada e por conta deles.

O meu brinquedo actual


PS: Adorei babe:) Thanks!

O meu final de dia...


Afinal sou uma miúda simples que se contenta com o melhor!;)

Grey's Anatomie

A capacidade de me pregar ao sofá. Fazer-me gargalhar e chorar baba e ranho num só episódio.

O dom da palavra...

...é uma delas, com certeza. Das qualidades que pussuo. Senão vejamos. Como dar razão a um(a) interluctor(a), e irrita-lo(a) simultâneamente, com duas frases curtas:

- Bem tu de modesto não tens muito!
- Agora que falas nisso, realmente reparo que tens razão... tenho imensas qualidades, mas a modéstia não é uma delas!

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Desktop

Lightstream
By: Peter Clarke
@Deviantart

domingo, 15 de junho de 2008

O espírito de ver futebol em grupo

Um remate forte, completamente à figura, e o cromo do comentador da TVI histérico:
- "RRRRRiiicarrrrdo!!!!! Grande defesa, espectacular....

Duas cadeiras ao lado, outro histérico:
- Eh pá, é nisto que o Ricardo é bom! Ele só tem problemas é nas saídas.
(Ui! Problemas tenho eu... O Ricardo a sair às bolas parece uma andorinha)

No nosso grupo de 3, a falar discretamente:
- Eh pá, é nisto que o Ricardo é bom! É um guarda-redes concreto, percebes, aquilo se a bola for contra ele não o consegue atravessar, porque é...
- É material, existe fisicamente.
- É isso.
- Sim porque deve haver aqueles que andam por ali em espírito desencarnado, e esses pronto, a bola já os atravessa como se nada fosse.
- Pois é...
Após alguns segundos de reflexão metafísica sobre a nossa existência material:
- ....I see dead keepers!...

Também se descobriu um novo síndroma, que ataca os fiscais-de-linha neuróticos. Foi baptizado singelamente, o síndroma Dr.Strangelove. Claro que a piada não foi muito longe também...

E assim cheguei à conclusão de que para ver futebol no meio da turba, e ao fim ao cabo, de um modo geral, estar na vida, o importante é ter as pessoas certas ao lado. O resto depois é paisagem.

Espero que eles batam muito nos suiços hoje. Enquanto os suiços estavam a estudar afincadamente desde a primária, nós estivemos a jogar à bola, portanto, há que meter esses betos no lugar deles.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Escolha acertada


Sem tempo para mais que isto, deixo a sugestão aos amantes do vinho.

Bem sei que o tempo já não convida ao vinho tinto, mas eu comprei este ainda antes do São Pedro dar uma palmada na testa e dizer:

- Eh pá, esqueci-me de ligar o modo Primavera-Verão ali pra Portugal!

A imagem roubei de outro blog, sobre vinhos, mas onde ele falava mal deste. Portanto acho que não merece o crédito...

Ganha a medalha melhor preço qualidade do Invention of Balance:

Lusitano, da casa Ervideira.

Excelente vinho


P.S. Mais dois dias e acaba a minha apeneia forçada. Lá coisas pra escrever vou tendo, o tempo é que teima em não chegar sequer para as obrigações, quanto mais...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

quinta-feira, 5 de junho de 2008

O staff do blog na feira

A história do mundo ser pequeno vai-se provando por vezes. Combino com a senhora Rita ir à feira do livro, e a dada altura damos pela figura do senhor Filipe a dois palmos a olhar para a mesma banca que nós, et voilá, o staff do blog no mesmo metro quadrado pela segunda vez...
Claro que foi uma peixeirada, não tanto da minha parte que tenho um certo nível a manter, mas mais à custa dos outros dois. Da próxima sugiro a feira de Carcavelos, para não nos sentirmos tão deslocados.

Confirma-se claramente que quando nos juntamos fora da blogosfera a coisa funciona muito bem. Não que eu alguma vez tivesse tido dúvidas sobre o assunto, mas assim sempre aproveito para o comunicar aos meus duendes ajudantes!

Ainda assim, acho que me podia ter divertido mais, principalmente na parte em que andei só com a senhora Rita por entre as bancas. Cada proposta brilhante que eu fazia era chumbada imediatamente com interjeições carregadas de horror e incredulidade! Por exemplo:

Na Dom Quixote, com 3 livros debaixo do braço:
- Mas é mesmo preciso pagar isto? A caixa é tão longe... E se fossemos a correr por aí abaixo?
- Tu não me faças passar uma vergonha dessas!!!!
(Gosto particularmente da credulidade! O facto da senhora Rita achar que eu seria capaz deixou-me contente)

- Então e se eu fosse ali pedir ao Saramago para me assinar este livro do Lobo Antunes?
- Tu não faças uma coisa dessas!!!!

Enfim, da próxima está visto que tenho de fazer sem ir a plenário, senão nunca vejo uma proposta aprovada...

Ainda dois episódios paralelos.
O Filipe a explicar ás meninas da Dom Quixote que não valia a pena ir procurar o Alexandre O'Neill na literatura estrangeira porque ele era português, e que "O homem sem qualidades" era do Robert Musil (também raio dos escritores pá, com estes nomes tão parecidos!...). Enquanto isso, no outro lado da feira:
- Olha aquele é que deve ser um bom livro, "porque é que os homens nunca ouvem aquilo que as mulheres lhe dizem"
- Hã?
- Estava a dizer que aquele livro é que deve ser interessante, chama-se "porque é que os homens nunca ouvem aquilo que as mulheres lhe dizem"
- O quê Rita?
- Está ali um livro que se chama: "porque é que os homens nunca ouvem aquilo que as mulheres lhe dizem"
- O quê?? O que é que estás prai a dizer?


Meus lindos, gosto muito de vocês! Se pensarem que eu quanto mais gosto de uma pessoa mais tendo a brincar com ela, aí têm...
:-)

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Uma das melhores terapias para uma mulher!


Maçada!

Li algures:"A minha afeição cresce quanto maior é o desamparo dos outros." Ou a fragilidade dos outros. É esta mania de colocar-me no lugar dos outros, de me envergonhar por eles, de temer por eles...

E isto pode ser uma grande maçada. Nada como andarmos metidos connosco próprios.

Nervos.

Um jantar divertido num rodízio converte-se rapidamente numa noite quase em jejum. Deve ser o que as estrelas sentem com tanta câmara fotográfica à sua volta e os fotógrafos a gritar "Aqui!Aqui!".
São assaltados com tantos flashes que não sabem para onde virar-se; é quase impossivel dizer não e depois é uma fartura de fotos nas edições do dia seguinte.
Neste caso, em vez de termos de sorrir para a fotografia, temos de assumir uma cara de reflexão "Sim, sim, também um bocadinho desse!" Se dizemos que não provavelmente calha-nos no prato na mesma. Conversas entre os convidados quase impraticáveis pois a cada segundo espetam com um naco de carne entre nós e o companheiro do lado. Com tanta fartura, fica-se sem fome e num autêntico stress para gerir tudo aquilo.
Convém acrescentar que não compensa para quem é considerado um pisco a comer.

terça-feira, 3 de junho de 2008

JLB

Pequena pérola do meu escritor preferido:

"Escrevo com a seriedade com que uma criança brinca"
Jorge Luis Borges(1899-1986)

Vou ali à feira do livro comprar o volume que me falta das obras completas e já venho... :-)

domingo, 1 de junho de 2008

Era uma vez, no paraíso...

(pequeno esclarecimento a uma amiga sobre a origem dos géneros)

Adão vagueava constantemente pelo paraíso deslumbrando os sentidos a cada passo, mas sendo o único da sua espécie, um sentimento de solidão começou a assola-lo. Tudo era belo demais para não ser partilhado com alguém. Então resolveu pedir a seu Pai uma companheira, a exemplo do que vira em tantas espécies que habitavam o paraíso...

Adão: Pai, sinto-me só apesar de todas as maravilhas que olhos vêm, não tenho com quem desfrutar de tudo isto em comunhão. Fizeste-me de natureza dialogante, e no entanto não tenho com quem dialogar. Porque me condenaste a esta solidão?

(Deus, apesar de algumas heresias que tentam por vezes impingir-nos, como toda a gente sabe, é uma figura masculina. Um senhor de longas barbas brancas, algo parecido com o Pai Natal, mas com uma túnica branca vestida)

Deus: Meu filho, tens razão, já tinha isso em mente, mas um pequeno problema técnico impediu-me de realizar o teu desejo antes de o formulares dentro do teu ser.
Adão: O quê meu pai?
Deus: Acabou-se-me o barro com que te moldei. Um material nobre e especial, e então não tenho como criar-te uma companheira.
Adão: Então ficarei para sempre só meu pai?
Deus: Bem, vejo uma solução, mas terei de criar a tua companheira a partir de ti.
Adão: Como assim?
Deus: Cede-me uma parte do teu corpo, e a partir dela formarei a tua companheira.
Adão: Eia! Um bocado do meu corpo?!? Eu bem me parecia que esta história de paraiso, tudo bonito e perfeito estava a correr bem demais! Já cá faltava a...
Deus: Meu filho, pára com a lamentação. Não há outra forma ou eu providenciaria. Cede-me uma parte nobre do teu corpo para que consiga igualar a tua perfeição. O teu braço direito serve.

Em estado de choque, Adão imagina-se maneta e a coisa parece-lhe iconcebível!

Adão: Mas, meu pai... ficarei inválido! O único ser deficiente do paraíso! E se fosse aqui esta parte(apontando para o pénis)? Eu podia acocorar-me e fazer as necessidades na mesma...
Deus: Eh pá... Essa vais precisar. Vai por mim, que sei tudo sobre todas as coisas. E a excelência da tua companheira depende da tua escolha, a parte do corpo de que abdicares ditará o quanto ela pode ser equiparada a ti ou não.

Adão pensa, pensa, e chega à conclusão que a coisa não poderá correr assim tão mal com uma solução de compromisso. Respira fundo, levanta os olhos para o céu e diz:

Adão: Então o que é que me arranjas aí por uma costela?

E pronto, o resto da história acho que já toda a gente sabe...