quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Numb days... ou a estranheza da presença de espírito.

Durmo 5 horas quando precisava de dormir 7, no mínimo, e a coisa corre bem durante todo dia. Parece uma espécie de piloto automático, em modo descontraído. Do lado de dentro vivo num limbo morno, em que poucas coisas são capazes de causar algum abalo maior. A inércia vai empurrando o corpo que outros dias habitamos por inteiro, e o corpo vai deslizando pelo dia sem comprometer. Sobra apenas a estranheza de não viver por inteiro mais um dia, quando, contas feitas não temos direito a tantos assim. E no entanto a lucidez está lá, no limbo, e estranha como nos olham nos olhos e não reparam que estamos noutro lado.

Durmo 7,5 horas, e acordo com a energia naturalmente equilibrada, mas o dia corre estranhamente à minha frente. O tempo, desenfreado, ultrapassa-me (ou foge-me). O turbilhão de coisas que me ocupa o pensamento faz-me tropeçar em mim próprio, precipitar-me. Consequentemente sentir-me estúpido.

Sempre senti que consigo ser o maior obstáculo a mim próprio. Pior, comecei a ver isso nas outras pessoas, e quase sempre me custa não ter como ajuda-las. Dou por mim a pensar que alguns autores de livros de auto-ajuda podem eventualmente ser criaturas altruístas e ingénuas e não simplesmente exploradores da miséria comum.


1 comentário:

guardanapo branco disse...

não te sentirias estúpido se não te sentisses como o teu grande obstáculo. os tropeções são bons, só para sairmos da esfera de conforto que protege parte de nós*