Acabei um dos livros que estava a ler. Após a longa companhia que me fizeram, todos os personagens foram embora. Despedimo-nos. Adeus. O problema agora é que tenho saudades. O tempo que estiveram comigo foi como se fosse sempre e agora foram embora. Fazem-me falta.
Exactamente o mesmo acontece quando acaba um filme ou um episódio das minha séries. Fico ali, com o olhar preso no ecrã, a tentar que toda a impressão que me deixaram não se desvaneça.
No cinema amaldiçou todos os que resolvem levantar-se no final do filme (ninguém tem culpa, os bancos é que deveriam ser individuais), ainda as luzes não acenderam, impossibilitando-me de desfrutar daquele momento, para mim único, do adeus. Embalada pela banda sonora, olhos pregados nas letras do genérico sem, no entanto, as ler, fico ali entregue aos meus pensamentos e ficaria mais tempo. Queria saber como foi depois, o que fizeram. Como foi depois.
É essa a magia dos livros e dos filmes transportam-nos para outro lado. Um mundo infidável de sensações novas. É uma viagem no tempo. É o regresso que me entristece. É a despedida. Adeus.
Na generalidade, as despedidas não me agradam. Ainda não aconteceram já tenho imensas saudades, às vezes daquilo que não vai acontecer. Não é fácil explicar. Evito o pensamento de que não vou ver mais, não vai acontecer mais ou simplesmente que não vou voltar, que não voltarei para a minha vida comum, singular, ao jeito de comédia. Cada vez que viajo (acreditem que não são poucas), não quero ir e acho que é isso, é o medo de não regressar e do adeus. Sobretudo por não ter dito adeus. Nunca digo adeus. Deixo em aberto. Até logo!
Confesso que até eu reciei que este texto acabasse na constatação de que sofro de dependência de viagens no tempo, principalmente do síndrome de telenovela (anda implícito que as pessoas dedicam tanta atenção às telenovelas porque assim podem escapar e concentrar-se por uns minutos numa vida diferente, que não a sua - um escape). Descansem não se trata disso. O meu problema é com os finais. Até logo!
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