sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

100 Obras para ouvir antes de morrer nº4


Como quase sempre na história da musica, o tempo vai selecionando o que fica para a posteridade, com um certo sentido de justiça. Na altura em que morreu Jeff Buckley era muito pouco conhecido. Não tinha o élan de trazer novidades ao Rock alternativo (fossem elas boas ou más), não era um produto de marketing de um estudio qualquer, não era comercial, etc... Fazia pura e simplesmente muito boa música. Do melhor que ouvi até hoje dentro do estilo.


O tempo fez com que Grace fosse chegando a mais gente, aos poucos, num contágio lento mas decidido e irreversível. E hoje em dia talvez esteja perto do reconhecimento que merecia, mas que não teve tempo de atingir em vida. Um reconhecimento também ele especial, sem o histerismo que algumas bandas causam e que eu não consigo perceber por muitas voltas que dê á questão.


"Grace" é a cristalização em estúdio, com uma boa banda, do que Jeff tinha escrito e tocava sozinho nos bares de Nova York. O produtor é do melhor, o que ajuda muito no caso... Entre outras coisas produziu o "Californication" dos Red Hot Chilli Peppers, ou o "Relationship of command" dos At the Drive-In, que não são os melhores álbuns destas bandas por acaso...

Jeff Buckley teria sido um grande músico em qualquer área que escolhesse. É um daqueles casos raros em que se sente o espirito da musica encarnado numa pessoa. Para se compreender bem o talento em questão e a profundidade do "Grace" talvez seja preciso ouvir o "Live at Sin-é" A edição especial de dois cds, em que está uma espécie de retrato do Jeff em todo o seu esplendor. O talento, o humor, a humildade... Que previlégio deve ter sido assistir a um concerto destes num espaço pequeno e intimista, para os que o (re)conheceram cedo e iam enchendo os bares cada vez mais.


Cada faixa deste álbum fala por si, vai-nos conquistando definitivamente a seu tempo, no dia certo. Há mais de 10 anos que o ouço, de tempos a tempos, e não me parece que algum dia me canse dele.


É uma grande pena que o Jeff tenha morrido com 30 anos, e tanto para dar.

3 comentários:

Stella Maris disse...

Concordo! Gosto muito de Jeff :)

Titania disse...

impossivel cansarmo-nos dele...que voz...toca cá dentro, ressoa e chega a todos os cantos de nós próprios...

Navajovsky disse...

O Live at Sin-é é fantástico.e o jeff é um mundo!