terça-feira, 15 de abril de 2008

O que nos separa.

O novo Governo de Espanha, que tomou posse ontem, tem um Executivo inédito, em Espanha e na generalidade, pelo facto de ter uma maioria de mulheres.

É deveras doloroso ter de fazer constatações do género das que se vão seguir. O arrufo entre Portugal e Espanha corre-nos nas veias por muito esclarecidos que possamos ser. Está lá e pulsa mais forte em qualquer confrontação, por muito ligeira que possa ser. Não se explica, o que nos aproxima, sobretudo em termos geográficos, também nos separa em escala gigantesca. Devemos respeito aos nossos antepassados, e por alguma razão, andaram sempre às turras con nuestros hermanos evitando que de Peninsula Ibérica se passasse a Espanha num todo.

Fora tudo isto e com o sangue a fervilhar pelas palavras que antevê aqui escritas. Há que lhes tirar o chapéu por terem apanhado um comboio que não se demorou no apeadeiro. Ou se entrava ou se ignorava fingindo poder apanhar o próximo porque este estava muito cheio. Tivemos Salazar e o Estado Novo, como muitos apontam. Mas eles tiveram Franco e uma Guerra Civil. Provavelmente, foi isso mesmo. Rebentou tudo, recomeçaram do nada. Foi mais fácil do que num país em que houve uma revolução, não rebentou tudo, recomeçou-se em valores que pairavam e não sairam da mira.

No fundo, em grande parte, explica-se muita coisa pela auto-estima exacerbada que revelam. Podem ser uma grande merda mas entram em todo o lado triunfantes. Isso ajuda. Não é uma característica sublinhada nos livros de autoajuda? Nós, somos mais conformados e deixamos tudo à responsabilidade do fado. E, se achamos que estivemos mal, não só o reconhecemos, como conseguimos convencer os outros de que ainda foi pior do que pode parecer. Pensar que somos tão melhores mesmo desenrascando à última da hora. Só não nos sabemos vender. Eles sabem.

Posto isto e mais alguma coisa. Como a antecipação de negócio e o Alentejo ser praticamente compra espanhola. Como serem os directores de várias firmas sediadas cá. Ou inundarem-nos com laranjas muito brilhantes mas azedas e comerem as nossas lá.

Agora, aparecem com esta. Conformaram-se e renderam-se. Um governo maioritariamente de homens é... nada como colocar lá umas quantas mulheres, para demonstrarem porque é que algumas características de género podem fazer a diferença.

Só resta acrescentar que o primeiro Governo a ter uma maioria feminina na União Europeia foi a Finlândia. "A diferença está nos países nórdicos..." ouve-se às vezes.




3 comentários:

Tempus_Fugit disse...

Essa do entrar triunfante em todo lado mesmo sendo uma merda, apesar de admitir que resulta, não me convence. Não acho que seja uma qualidade.

E antes os nossos males politicos fossem um problema de género. São um problema de classe mesmo...
Mas, bom post!

Só não combinei jantar ainda porque pensava que estavas a recuperar do anterior. Já se viu que essa saude não está para correrias :-P

Beijo!

Dejando huella disse...

E o mais engraçado é que nós, portugueses, passamos a vida a pensar mal deles. Eu estou cá há tempo suficiente para perceber que não só eles nos curtem, como curtem ir para Portugal gastar dinheiro, como adoram Lisboa, vibram com o Bairro Alto, sonham com as ondas da Ericeira e lembram-se lá da padeira de Aljubarrota. Aliás, eles nem estudam que 3 Felipes foram reis de Portugal. Esqueceram, andaram para a frente nas guerrinhas e raivinhas ibéricas. Pena que ainda haja a ETA e afins. De resto, começo a gostar deste país, coisa impensável há 8 meses atrás.

Ana disse...

Adoro nuestros hermanos e acho até q facilmente dizia "sim" à união. Acho q o optimismo lhes está no sangue e no caso específico das mulheres, penso q n foram tão maltratadas, tão relegadas para 2º plano qto as portuguesas no período das ditaduras. Tb creio q a visão de Franco era mto diferente da de Salazar, n defendeu q deviam estar orgulhosamente sós. Penso q é tb por isso q ainda hoje somos tão tacanhos.