Sentado sobre um rochedo, envolvendo as próprias pernas cruzadas num abraço, numa posição fechada sobre si mesmo, ostenta em toda a sua postura e no olhar perdido ao longe uma calma infinita.
Na verdade é apenas a capacidade de esconder o imenso turbilhão interior. Pensa nas cicatrizes que lhe cobrem o corpo. Em como a sorte lhe sorriu como a um pré-destinado a cada batalha. Não escolheu nenhuma delas, antes se sentiu como um pedaço de madeira que desliza pelo Rio da Hitória, condenado ao trajecto pela sua condição inerte. Foram as batalhas que o escolheram a ele, pensa. Permite-se a alegoria gasta do Rio por não conhecer nehuma melhor. Até a realidade lhe parece deslocada ao pé de tão perfeita ilustração.
Até que chegou aos dias em que o Rio lhe mostrou a única batalha que sempre quis travar.
Nunca teve medo da morte, nem ali chegou em busca daquilo a que chamam pomposamente glória. É a sua própria vontade que o confunde. O saber-se capaz de de movimento próprio apesar da corrente do Rio.
Confunde-o a altercação do seu próprio ânimo na altura em que o Rio e a sua vontade convergem. Sabe que independentemente do resultado pode sair tão tranformado da batalha que nunca mais se reconhecerá.
E que estranho é ter-se o desconhecido em si mesmo...
O Rio flui e o peso da sua vontade leva-o a temer ser indigno única batalha que escolheu. Mas sabe que sem a vontade não somos nada. Apenas um pedaço de madeira.
Frente à sua face sente toda a imperfeição que é ser humano. Mas há-de lutar sempre. Frente à sua face, depois de tanto tempo a lutar, descobriu porque se tornou um guerreiro.
terça-feira, 22 de abril de 2008
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13 comentários:
A metáfora do unicórnio era bem mais acessível. Se bem q esta é mais bonita.
E onde anda o restante staff?
Um bonita reflexão, já percebi o porquê de seres o Shaolin :)
Bela pergunta Ana! O Samurai anda desaparecido, e a menina Rita anda muito ocupada, pelo que consegui apurar... Abandonam-me á minha sorte.
A história do Shaolin não é por aí Isabel.
"E que estranho é ter-se o desconhecido em si mesmo..."
E com esta, fico-me em abraço mental, a pensar...
Curiosamente até eu fiquei Clepsydra.
É uma das razões porque vale a pena escrever. Vamo-nos descobrindo sem saber...
Oh, então a história do Shaolin é mesmo a minha primeira impressão? Manga? tb tá bem, se bem que a cena budista era mais transcendente, mas isso já é a minha costela de História das Religiões a falar :P
ps: se tb não for da Manga, agradecia uma explicação, caso não seja segredo de Estado :P
ah, quero a explicação porque sou tremendamente cusca lol
Não que eu renegue a atração pelo oriente, mas a história do Shaolin e do Samurai é uma simples questão de cortes de cabelo...
lolololol e eu a querer dar uma explicação ou mistica ou literária (Bd Manga) e afinal era tão simples :) mt bom mesmo! ;)
Cara Isabel, sobre o meu desaparecimento já referi em cima, o meu computador acabou com tudo o que tinha comigo, e em relação ao Shaolin... cá está, o tempo consolida...dá sentido, começou pelo cabelo, sim... mas já ulrapassou, a tua intuição não te atraiçoa.
Meu dilecto Shaollin, não falhas;)
não achas vergonhoso?
i'm blushed*
Guardanapo Branco, mas que honra me dás a ler os posts antigos... Fazes bem somente no sentido em que o mais inspirado e engraçado está para traz. Ultimamente a inspiração tem andado longe ;-)
Mas não percebi o comment... Serei um desavergonhado sem remédio?
*
Tempus, eu gosto de ler e gosto de ler-te. =)
o comentário veio a propósito dessa inspiração. às vezes fico com a sensação da tal sintonia... por causa da similaridade das mensagens dos textos. neste texto, a calma e o turbilhão, como num texto que escrevi recentemente. e achei graça, vergonhoso no sentido curioso.
pelo que leio, pelo menos uma boa parte de ti, não me pareces nada desavergonhado. muito menos sem remédio =p mas o interstício de espaço é tão grande que posso muito bem estar a provocar-te uma g'anda garalhada no fim deste comentário! =P
um beijo*
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