A casa não reconhece ninguém. Tudo está exactamente como ele deixou. Alguma desarrumação, pouca, denunciando uma saída rápida, inesperada, mas breve.
Todos lá vão, entram. Procuram coisas importantes , necessárias. Depois, mexem, desarrumam, desordenam. Levam umas, deixam outras e saem.
Se ele regressasse agora, iria notar nos dois livros ligeiramente desalinhados na linha recta impecável de todo os outros volumes na prateleira. O quadro. O quadro que tinha dado tanto prazer a adquirir, está a um canto no chão encostado à parede, solitário. Os óculos caídos entre duas almofadas, nunca seriam deixados assim... Tudo remexido, fora do lugar, meros objectos.
Objectos que não são reconhecidos por ninguém. Não passam de objectos, ao mesmo tempo que encerram episódios, memórias, afectos. Contam sempre qualquer coisa a quem os conhece. Não contaram nada durante aquelas horas. Só viram estranhos. A casa não reconhece ninguém.
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2 comentários:
Que bem se escreve menina Rita. Não podia deixar passar sem um elogio...
Também gostei :-)
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