A casa não reconhece ninguém. Olhando em volta, nem nenhum deles se está a reconhecer ou então, está por deveras evidente o reconhecimento daquelas atitudes. Todos acabam por tê-las. Uns mais do que outros.
Não é a ausência súbita dele que está a transformá-los. É aquilo que ainda o representa. São os objectos. Não os objectos que repousam indiferentes e sós na casa. Os outros. Aqueles que têm mais valor. Aqueles que não estão ali, acessíveis.
Será que quando encarados de frente com uma perda não deveriam estar a senti-la? Ou pelo menos a dar menos importância a outros ganhos?
Perdas que se transformam em ganhos para alguns, não todos felizmente. Ganhos que se transformam em perdas sobretudo para ele. Se não foram gozados em tempo, vão servir para a transformação de quem acha que os merece e não pensa em dividi-los.
Ganhos que perdem o sentido. No fundo, foi ele que ficou a ganhar. Se os visse agora, às voltas nas acções e nos pensamentos, nem os reconheceria. E aí, já seriam dois, porque a casa também não reconhece ninguém.
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