terça-feira, 25 de março de 2008

Manual de metáforas para crianças em idade escolar - Vol.1

Olho e sinto-me assustado e feliz quando esse pequeno milagre dos meus dias ocorre. Sinto-me previligiado por saber que a mais ninguém aquela luz, aquela graça incrível, aquela perfeição se revela. Só a mim.
Então, tudo em mim quer crer que o sorriso que é devolvido tem tanta inevitabilidade como o meu. Que é um reflexo natural da explosão que se sente por dentro, e não apenas mais um gesto ritualizado.

Com tanta claridade fico cego. E não tenho quem me ajude a ver. No entanto quero crer, na inevitabilidade a que eu sei estar condenado. Que ela existe do outro lado.

Como se apanha um Unicórnio?
Finge-se um impossível desinteresse enquanto se tenta seduzi-lo, e ele se vai aproximando incauto?
Persegue-se com todas as forças que o corpo tem para dar?
Deixa-se de acreditar em Unicórnios?

Este em particular está do outro lado de um abismo. A distância não é demasiado grande, mas temo que o salto o espante para longe, e isto partindo do princípio que não caio... Construir uma ponte, com toda a paciência do mundo seria mais seguro, mas assusta-me que alguém chegue primeiro e eu fique a assistir impotente na outra margem, de lágrimas nos olhos e um abismo aos pés, enquanto se afastam com o meu Unicórnio. E é impossivel que a alguém que não eu seja dado a ver tal milagre.

Toda a vida tive os cavalos que os caprichos, as carências e as circunstâncias me levaram a ter. Foram tantos! E todavia, a única coisa que realmente sempre quis, foi ter um Unicórnio.

3 comentários:

Ana disse...

Eu gostava de acreditar em Unicórnios, se tens a sorte de acreditar, n desistas dele.

Rita disse...

Bem hajam essa insónias;)vai ser mais fácil do parece. Até lá resta-nos seguir descobrindo.

Stella Maris disse...

Muitas vezes gostava de não acreditar, de não permanecer na eterna espera... num quadro inacabado a ouvir "Solitude" de Nina Simone.
Acho que deves tentar alcançar o teu Unicórnio, talvez não encontres mais nenhum :)