Da classe dos músicos em geral, tenho a lamentar várias coisas. Umas chateiam-me mais que outras. Uma delas é o Ego exacerbado de alguns, e a arrogância que daí advêm. Outra é a limitação à musica no que toca à arte, e muitas vezes a limitação ao próprio instrumento que tocam. Só dominam e gostam do seu próprio instrumento, a sua "área" musical e de resto são um atraso de vida. Na maior parte das vezes tenho constatado que são precisamente dos piores músicos que conheço que vão ao encontro destes defeitos de fabrico (na minha opinião), mas nem sempre é assim. Há bons músicos que quando abrem a boca parecem uns jogadores da bola autênticos. Uns Trolls, ainda que isso esteja para além da minha esfera de compreensão.
Na semana passada tive o privilégio de conhecer um dos melhores músicos do mundo na sua área, para muitos o melhor no seu instrumento. Ficou hospedado nesta espelunca acolhedora que é a minha casa, não por minha causa, que ainda tenho de pedalar um bocadinho para me sentir confortável ao lado de um monstro como aquele, mas do grande amigo com que partilho casa.
É a antítese de tudo o que critiquei atrás. O low profile, muito reservado, muito zen, mas sempre com um sorriso no rosto. A simplicidade da pessoa em contraste profundo com o génio em palco. Sempre com atenção ao que temos para lhe dizer, e com horror a ser o centro das atenções quando não está a tocar.
Para além da pessoa reservada descobrimos uma cultura e sensibilidade enormes. O sentido de humor refinado e todo o ser humano. Há-de ser para sempre uma das referências da minha vida.
Levei uns dias até escrever este post porque estive a chegar a essa conclusão. Conhecê-lo não me fez simplesmente querer ser melhor músico. Fez-me querer crescer como pessoa.
A despedida no aeroporto:
- Foi um prazer enorme conhecer-te...
- Y yo a ti, amigo Tiago...
Felizmente que há pessoas assim. Que mudam as nossas vidas e nos fazem crescer só por serem quem são, do alto de toda a sua simplicidade. Enormes.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
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