sábado, 10 de maio de 2008

In Vino Veritas?

Ocorreu-me à bocado que nunca vi ninguém a recambiar uma garrafa de vinho no restaurante.

O empregado de mesa a chegar, a deitar um pouco de vinho no copo do que lhe parece ser o macho alpha dominante da mesa, o dito a fazer uma expressão de entendedor enquanto olha para a cor e cheira, depois a prova... O suspense enquanto olha para o infinito... e no fim olhar para o empregado, franzir o nariz e dizer:
- Naaa... Desculpe mas isto não serve.

Poderia ter sido eu, caso a conjuntura fosse outra. A saber: Estar num restaurante, ser o provador oficial da mesa(podia ser o único da mesa!), o chefe de cozinha escolher vinhos à parva ou ter uma lesão no palato, e por aí fora... O facto é que o comprei no Pingo Doce e assim não há grande volta a dar!

Uma pessoa vai entrando aos poucos no mundo dos vinhos, conhecendo a região, as castas, os anos etc. E depois começa a querer fugir dos vinhos óbvios e seguros (por ex. Montevelho, Marquês de Borba, Periquita...) e a arriscar uma compra de vinhos que nunca ouviu falar. E devo dizer que até hoje ia correndo sem grandes sobressaltos. Até hoje...

E hoje que cheguei à conclusão que já vou percebendo qualquer de vinhos. Abri a garrafa enquanto fazia o jantar. Deitei um pouco no copo e a cor pareceu-me deslavada para um vinho alentejano, mas pensei, ‘não percebo nada de vinhos e tou armado em carapau de corrida...' Cheirei e prendi o aroma antes de tocar com o vinho no palato e naquele segundo pensei, ’eh pá... isto parece-me um bocado ácido de mais', mas ainda antes de o vinho atingir o seu destino, qual fatalidade anunciada por um coro da tragédia grega, pensei, 'lá estás tu com a mania que já percebes de vinhos...' E depois provei. As várias vozes que normalmente se contradizem pensamento fundiram-se numa: Pronto, é uma merda...

Reli o texto do verso da garrafa:
Terra D'Alter foi feito a partir de 4 castas em proporções iguais, Trincadeira, Syrah, Touriga Nacional e Petit Verdot. As uvas foram vindimadas em óptimo estado de maturação, controlado através de amostragens constantes das vinhas. Depois do desengace e esmagamento das uvas o mosto foi macerado a frio durante 48 horas antes do inicio da fermentação. O vinho fermentou a 20-22ºC durante 5 dias, após o qual se procedeu á sua trasfega e prensagem. Depois da fermentação malolática o vinho estagiou em barricas de carvalho durante seis meses.
Enólogo: Peter Bright

Se tivesse o número do Peter ligava-lhe. Gostava muito de saber qual foi a parte que correu mal, e pelo texto não percebi!

Agora o dilema é que tenho uma garrafa cheia desta 'zurrapa' e não sei o que lhe fazer!

5 comentários:

Ana disse...

Sangria meu caro, qdo o vinho é mau acho q só há essa hipótese ;-)

Tempus_Fugit disse...

Falta-me a companhia e o motivo para fazer uma bebida tão festiva!

Acho que vai pelo cano mesmo :-|

Diabolous in Musicae disse...

Ouve lá, então tu fuas te num enólogo inglês p escolher m vinho alentejano, estavas à espera de quê? Mais valia fiares te no Ti Manel.

Tempus_Fugit disse...

Aquilo deve ser algum agente infiltrado dos franceses aquele Peter, para estragar o bom nome dos nossos vinhos. E depois o rótulo era bonitinho e tal... Enganaram-me desta vez. Mas pelo menos descobri que só pela côr e aroma já sei se gosto ou não.

Alias é uma arte da qual eu me vanglorizo noutros campos! Mas recuso-me a dizer quais :-)

guardanapo branco disse...

já te li mesmo tarde mas numa próxima vez que eventualmente corra mal, usa a surrapa para temperar uma xixa. deve ser melhor que o pseudo vinho do pacote.


quanto aos vinhos, eu prefiro alentejanos tintos. vou deixar a sugestão de uma garrafinha de Preta. ai como ela se bebe bem.

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