segunda-feira, 28 de julho de 2008

Romantismo...


Em resposta a esta coisa de ser apodado de Romântico, com um"é bonito mas..."...deixou me assim um pouco baralhado, ou melhor, intrigado.
Será que nos tempos que correm romantismo anda a par com lamechice? É aquela bela confusão entre cavalheirismo e machismo..."Não é preciso levar o saco que eu dou bem conta do recado!" "Deixe estar que eu sei abrir a porta sozinha!"

Enfim, tantas vezes passei por isto que acabo por sorrir quando mais tarde vejo as mesmas bocas proferir lamentos pelos homens lá fora serem tão...frios ou desinteressantes..."...quer dizer, as pessoas, de um modo geral, mas os homens..."

Pasmo quando se conseguem atarefar em mil tramas reais ou inventadas, agastadas em detectar prevaricadores...ou noutro estilo, do jogo do espadachim, que uma vez em baixo o florete se assume a vitória no jogo da picardia: "Tu deste-me tudo..." [E eu penso, ó filha, tudo é demais para um homem só, eu não me findo no hoje e garantido nem nos Seguros...mas tu lá sabes...]

Sorrio quando as mulheres se queixam que isto dos homens acharem que elas gostam de palmadas...que os filmes pornos a educar os cidadãos do género oposto faz sair "o camionista que há em si...". E penso nas vagas sugestões que me fizeram... "estás me a bater? assim sem mais nem menos não..." (era um pouco mais explícito, mas eu sou um adepto da ars subtiliors), entre outros pedidos/sugestões/insinuações/exigências...

A velha história do sim-que-é-não, do não-que-é-sim, do talvez-que-talvez-sim, do talvez-que-é-estás-mas-é-maluco,... Do esperar que o homem faça X perante Y, ao que o dito cujo responde Z tranquilamente, mas tranquilamente responderia Y, e sim, talvez sejamos desatentos, mas aprendemos, devagar?, talvez, mas o subtexto feminino é vaaaaaaaaaaaaaassstooo...

"Ah, querida, se é romântico é um banana, ..."

Bom, os peluches em coração vermelho, os pares infantis em molduras de flores em postais inenarráveis não fazem a minha predileção...do kitch salvo muito pouco...talvez o menino da lágrima...

Não tenho muita tendencia a falar achim pó pequerruchinho like's mas, ao que parece, arranjo uns nomes um pouco ímpares (diz me a minha querida modus pensantis tb ela fã da ars subtiliors...).

Não tenho tendência para a ciumeira embestada (a não ser em dois tipos de situações: a grande desatenção que regra geral crassa quando prenúncio do fim; como estúpida reaçao que não me é dado controlar em resposta a uma excessiva e continuada ciumeira embestada), não querendo com isto dizer que não sinta aquele calor de incómodo a secar a garganta de quando em vez (o que não é sinónimo de escarcéu...).

Enfim, pode dizer-se que me corre sangue na guelra, que sou temperamental, que sou o tal que "corta o fio ao para-quedas e a lei da gravidade faz o resto..."

Por isso fico sem chegar lá...",mas...".

É lamechas; não me chega; muita chama para pouco pavio; ilusão (que os politraumatismos grassam em não me deixar acreditar...); bonito, bonito,...; ...

Há um filme do Hal Hartley, o Trust, em que um casal faz um jogo singular: passeam na baixa junto à praia, de repente aparece uma fanfarra a tocar (ou algo que o valha), e ela , sem aviso prévio, sobe para o muro e desmaia. Ele ampara-a na queda, segura-a, atónito, em seus braços, e ela ergue-se de repente e diz: Agora tu!...

Se não nos deixarmos cair nos braços de outrém seguramente não teremos um dia a quem apanhar...

E como isto em primeiro lugar me trouxe à memória o se estaria a ser ridículo sendo romântico, este saltou logo à flor da língua, e aqui fica para deleite... :)


Todas as Cartas de Amor são Ridículas
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


Álvaro de Campos


PS: desculpem a extensão, mas faltou me o tempo para escrever menos...

6 comentários:

Ana disse...

Eu desculpo a extensão mas nesta caixa de comentários n posso responder ao mm nível :-P Na minha opinião o romantismo está na moda entre o sexo masculino, e n me refiro ao tal lado lamechas, ao discurso axim e companhia. Tenho até uma teoria (lol): o romantismo entre vocês tende a crescer na mm proporção em q aumenta a independência feminina. Paulatinamente somos rotuladas de frias (um pouco mais e somos frígidas!) e descrentes no amor. Nos dias q correm acho q inevitavelmente tendemos para o pragmatismo, o q n quer dizer q n somos românticas. Somos naturalmente menos dedicadas pq nunca tivemos acesso a tanto como temos agora, e queremos aproveitar tudo, e tb somos menos românticas pq falamos de tudo, apercebemo-nos de tudo e já n comemos e calamos. Aqui entram os politraumatismos, têm consequências inevitáveis, uma delas é a dificuldade na entrega total e absoluta. A mulher já n receia ficar só, isso reflecte-se numa mudança comportamental brutal. Esta é uma perspectiva, dp há outra q só há pouco vi q existia. Os homens começaram a usar o discurso do "tu n és a tal, és fantástica mas eu sinto q n és a tal" para porem termo às relações ou simplesmente para justificarem um comportamento idiota. Qto a mim, o mau uso de um argumento romântico deita por terra grd parte da crença no romantismo e coloca-nos no lugar de bruxas. Consequentemente, já estou tão de pé atrás com os românticos como fico de pé atrás com os camionistas. E como vês, n é pq os ache bananas. Têm é igualmente mt manhas (com estilos diferentes lol).

Ana disse...

Ups eu escrevi aquilo tudo? Como?? ficou tanto, mas tanto, por dizer lol

Diabolous in Musicae disse...

:D ...hum...essa de tu não é a tal é fantástica, ainda não tinha tido notícia dela...

De um modo geral, os tempos são outros, há muito que as mulheres estão para lá do "tanque e do estendal", pessoalmente fui educado por duas mulheres independentes (mãe e irmã) e como consequência... [tenho q continuar dp, estao me a chamar]

guardanapo branco disse...

desta vez vieste tu tão a propósito...



=)obrigada!

Diabolous in Musicae disse...

Bom, Ana, isto ficou um pouco a meio, mas só esta noite que passou é que pude dormir mais de quatro horas...de modo que penso que me desculparás... Guardanapo, linda,...sabes, não sei se venho tão assim a propósito...isto da primavera leva o polén para o lado que o vento sopra...e às vezes animamo-nos e ,eis senão quando, o vento muda de direcção...


Enfim e em suma, não creio que o romantismo possa servir de desculpa para (ou como) os homens versus mulheres independentes, para "o problema não és tu sou eu"...
Acho mais que isto é uma forma de estar na vida, e se a esta altura já cometi a gaffe de ser músico, penso que a de ser romântico não há-de ser pior... :)

Eu gosto de histórias, de ilusões...claro que estas subentendem o ulterior "choque"/confronto com a realidade, subentendem a desilusão...logo, não nego que me entristeça...mas pronto, faz parte do contracto...

;) bjs

guardanapo branco disse...

eu acho bonita a Esperança que depositas no Romance. mesmo.

(e se te percebi), eu acho que ambos sabemos que às vezes o vento muda mesmo de direcção,outras vezes somos nos a mudarmo-nos para não levar com ele assim forte, pela frente, mas isso não implica que deixemos de saborear o pólen.

e sim, vieste a propósito. sopro de guardanapo! =Pp