"Assalta-me a ideia de que, de facto, no fim de tudo, é connosco mesmos que temos que viver, e, agora, para mim, mais importante que fruir cada momento como se fosse único, é saber que vivo bem com o Homem que sou, com a pessoa que represento para mim no quadro das minhas convicções. O importante para mim é saber que, mesmo perante os erros, tento agir do melhor modo, da melhor forma que me permita viver comigo próprio.
Tento limar as minhas falhas de carácter, mas contudo, tento aceitar-me como sou, reconhecer aquilo de que gosto em mim, mesmo que "condenável", tento ser um homem melhor mas melhorando o que sou, e não construindo um palácio sobre uma falésia à beira da ruína.
Tenho saudades tuas, não tenho saudades do homem que era ao teu lado, porque em boa verdade não era eu, era uma aproximação possível (da minha parte) ao homem que tu querias que eu fosse.
Não deixa de ser estranho que numa segunda-feira de Dezembro partas para uma cidade de Espanha, para as tuas aulas de doutoramento, e quarta-feira de madrugada me digas ao telefone Falamos em Janeiro... Só nos voltamos a ver em Fevereiro.
Este tipo de acontecimento deu-se de semelhante modo com a morte do meu amigo Miguel. Fazia tempo, já muito tempo (nem sei precisar quanto), que o não via quando recebo um telefonema a dizer-me F., o Mocas morreu hoje, agora, há uma hora! Para mim foi como se ele tivesse feito uma grande viagem e eu simplesmente não o possa ver.
Mas não, morreste-me, bem como o meu amigo Miguel, com uma diferença, a morte dele foi involuntária, ataque cardíaco fulminante, ao passo que a tua foi por vontade própria.
O Miguel fazia anos no mesmo dia que eu, mas nascera um ano antes, esse mesmo 5 de Dezembro, essa quarta-feira em que tu me ligaste, essa em que me morreste. Ele embarcou "demoradamente" no dia 1 de Abril...
A vida é sem dúvida rica em detalhes, coincidências, alegorias - tantas vezes mais surpreendente que a própria ficção. O Miguel parte no Dia das Mentiras e tu no dia do nosso (meu e dele) nascimento.
No fim como no início... Um dia de cada vez...
Tento limar as minhas falhas de carácter, mas contudo, tento aceitar-me como sou, reconhecer aquilo de que gosto em mim, mesmo que "condenável", tento ser um homem melhor mas melhorando o que sou, e não construindo um palácio sobre uma falésia à beira da ruína.
Tenho saudades tuas, não tenho saudades do homem que era ao teu lado, porque em boa verdade não era eu, era uma aproximação possível (da minha parte) ao homem que tu querias que eu fosse.
Não deixa de ser estranho que numa segunda-feira de Dezembro partas para uma cidade de Espanha, para as tuas aulas de doutoramento, e quarta-feira de madrugada me digas ao telefone Falamos em Janeiro... Só nos voltamos a ver em Fevereiro.
Este tipo de acontecimento deu-se de semelhante modo com a morte do meu amigo Miguel. Fazia tempo, já muito tempo (nem sei precisar quanto), que o não via quando recebo um telefonema a dizer-me F., o Mocas morreu hoje, agora, há uma hora! Para mim foi como se ele tivesse feito uma grande viagem e eu simplesmente não o possa ver.
Mas não, morreste-me, bem como o meu amigo Miguel, com uma diferença, a morte dele foi involuntária, ataque cardíaco fulminante, ao passo que a tua foi por vontade própria.
O Miguel fazia anos no mesmo dia que eu, mas nascera um ano antes, esse mesmo 5 de Dezembro, essa quarta-feira em que tu me ligaste, essa em que me morreste. Ele embarcou "demoradamente" no dia 1 de Abril...
A vida é sem dúvida rica em detalhes, coincidências, alegorias - tantas vezes mais surpreendente que a própria ficção. O Miguel parte no Dia das Mentiras e tu no dia do nosso (meu e dele) nascimento.
No fim como no início... Um dia de cada vez...
1 de Junho de 2008"
2 comentários:
Olá, gostei do teu texto. A vida é mesmo assim, "um dia de cada vez". O importante é gostares de ser quem és e continuar a evoluir como ser humano.
Bom domingo
Bj
Pois, há dias em que evoluir não parece assim tão fácil, mas pronto, isto com o sol a ajudar...vai andando :D
bj
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