domingo, 1 de fevereiro de 2009

« O imperfeito é o tempo do fascínio:parece estar vivo e, no entanto, não mexe: presença imperfeita, morte imperfeita; nem esquecimento, nem ressurreição; unicamente o engano esgotante da memória. Desde o princípio, ávidas de um papel, as cenas preparam-se para a recordação: muitas vezes sinto-as, prevejo-as no próprio momento em que se formam. Este teatro do tempo é precisamente o oposto da procura do tempo perdido; pois recordo-me pateticamente, pontualmente, e não filosoficamente, discursivamente: recordo-me para ser infeliz/feliz - não para compreender. Não escrevo, não adoeço para escrever o enorme romance do tempo reencontrado. »

Roland Barthes ( Proust), Fragmentos de um Discurso Amoroso

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