domingo, 15 de fevereiro de 2009

O fim último da vida...

O autor deste texto é João Pereira Coutinho, jornalista.
Vale a pena ler!

"
A criança nasce, não numa família mas numa pista de
atletismo, com
as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação
aos quatro,
lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um
exército de
professores, explicadores, educadores e psicólogos, como
se a
criança fosse um potro de competição.·
Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente
nas
sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas
construída
com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos
outros, em
progressão geométrica para o infinito
É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o
maridinho de
sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os
restaurantes de sonho.

Não admira que, até 2020, um terço da população
mundial esteja a
mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e
do burro:
quanto mais temos, mais queremos.Quanto mais queremos,
mais desesperamos.
A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que
acabará por
arrasar o mais leve traço de humanidade.O que não deixa
de ser uma lástima.·
Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo
Montaigne,
saberiam que o fim último da vida não é
a excelência, mas sim a felicidade!"

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