segunda-feira, 27 de julho de 2009

Acerca da Esperança - Vol 1

Retirado de algumas das melhores páginas de literatura alguma vez escritas:

-...perguntei-lhe como se chamava: curiosidade de delírio.
- Chama-me Natureza ou Pandora; sou a tua mãe e a tua inimiga (...) levo na minha bolsa os bens e os males, e o maior de todos, a esperança, consolação dos homens...
(...)
...A dor cedia alguma vez, mas cedia à indiferença, que era um sono sem sonhos, ou ao prazer, que era uma dor bastarda. Então o homem, flagelado e rebelde, corria diante da fatalidade das cousas, atrás de uma figura nebulosa e esquiva, feita de retalhos, um retalho de impalpável, outro de improvável, outro de invisível, cosidos todos a um ponto precário, com a agulha da imaginação; e essa figura, - nada menos que a quimera da felicidade, - ou lhe fugia perpétuamente, ou deixava-se apanha pela fralda, e o homem a cingia ao peito, e então ela ria, como um escárnio, e sumia-se, como uma ilusão...

Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas
Capítulo VII O Delírio

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