domingo, 29 de junho de 2008

Folhas soltas. Ontem e hoje.

A primeira descobri num caderno, e tinha esquecido completamente tê-la escrito. A segunda é bem recente, foi escrita ontem, mas na metáfora do título pertence a hoje.

O estranho é pensar que mudei tanto nos anos que os separam os dois textos, e no entanto tanta coisa ainda recorrente, ou latente. Palavras, ideias, sentimentos. Até os ataques de rima, sensivelmente nos mesmos sítios... Fiquei com a sensação de estar a andar em círculos apesar de tudo o que mudou. Apenas a maturidade. Uma sensação de estar a partir pedra.


8/2004

Não sabemos quem somos
quando não existe uma verdade
que nos reparta a vida.
Apenas uma angústia
que cai junto com a noite
e desperta as incertezas.
Um barco à deriva,
sem vela nem vento.
Um vago sentimento,
desnorte, desalento.
Sendo o mar um infinito
que não sabemos desbravar,
fraco é o consolo
saber que há um amanhã
sentir força
sem saber para onde remar.



6/2008

Nada mais do que o vento.
O azul, a consistência do sonho
Na transparência dos dias,
em que nada se mede,
e pouco se sente.
Como se confunde
a evidência da vida,
da pena ao pensamento.
Da euforia ao desalento.
Do fôlego à alma.
E nada mais do que o vento

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