Um dos buracos maiores na consciência do ser humano é este: vivemos num mundo em que tudo é transitório. É simplesmente uma ideia demasiado aterradora para o comum dos mortais (e perdoem-me se uso a expressão comum dos mortais com tanta propriedade).
Os que pensaram até chegar lá (ou os outros que não chegavam por essa via mas a quem a vida deu um esclarecimento cabal) sentiram a ideia entranhar-se-lhes até aos ossos que caminham a passos largos para o pó que os aguarda.
Podem argumentar que a vida com a perspectiva da sua efemeridade sempre presente seria acabrunhada como o são grande parte das pessoas que o sentem. Não acho que fosse. Quer-me parecer que nos trataríamos melhor uns aos outros, que ninguém ia sacrificar o calor humano por uma colecção de selos, que é como quem diz, um maço de notas. E que aproveitávamos melhor o que continua a parecer um milagre, que é estarmos vivos, ao invés de nos lamentarmos pela inevitabilidade que é irmos morrer um dia.
Mas isso sou eu. Infelizmente ninguém me convence de que o São Pedro há-de estar à minha espera num portão que dá para um jardim muito bonito e com pessoas vestidas de branco em alegria perpétua. A mim parece-me que anda tudo numa cegueira voluntária, agarrados como podem a coisas que mais cedo ou mais tarde não hão de ter valor. A naufragar na existência quando poderiam flutuar, nadar, mergulhar... Até ao fim.
Quem sabe, um dia.
Os que pensaram até chegar lá (ou os outros que não chegavam por essa via mas a quem a vida deu um esclarecimento cabal) sentiram a ideia entranhar-se-lhes até aos ossos que caminham a passos largos para o pó que os aguarda.
Podem argumentar que a vida com a perspectiva da sua efemeridade sempre presente seria acabrunhada como o são grande parte das pessoas que o sentem. Não acho que fosse. Quer-me parecer que nos trataríamos melhor uns aos outros, que ninguém ia sacrificar o calor humano por uma colecção de selos, que é como quem diz, um maço de notas. E que aproveitávamos melhor o que continua a parecer um milagre, que é estarmos vivos, ao invés de nos lamentarmos pela inevitabilidade que é irmos morrer um dia.
Mas isso sou eu. Infelizmente ninguém me convence de que o São Pedro há-de estar à minha espera num portão que dá para um jardim muito bonito e com pessoas vestidas de branco em alegria perpétua. A mim parece-me que anda tudo numa cegueira voluntária, agarrados como podem a coisas que mais cedo ou mais tarde não hão de ter valor. A naufragar na existência quando poderiam flutuar, nadar, mergulhar... Até ao fim.
Quem sabe, um dia.
3 comentários:
Epá qualquer dia tb escreves um livro. Já que tás com a pica toda aconselho-te a veres o documentário Zeitgeist
Acho que se vive com demasiada necessidade de controlo, ter muitas certezas... se calhar o exercício mais difícil e deixar que a vida aconteça... dizer: não sei muito bem o que vai acontecer, viver mais à aventura!
:)
Lázaro: se eu conseguir ser um blogger regular já fico contente com as minhas escritas... Mas vou espreitar o doc.
Joana: nem mais. pior um pouco quando toda a segurança é ilusão.
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