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No instante em que meti a mochila às costas assaltaram-me memórias do 6º ano, altura em que ainda ia na conversa das professoras, e levava o meu próprio peso em livros às costas. Estávamos na era pré-trolleyca, não havia rodinhas que nos valessem. Depois veio a adolescência, e apesar das professoras continuarem com a mesma opinião eu comecei a descobrir que a vida é demasiado curta para trabalhos forçados...
No comboio as pessoas olham ostensivamente para tentar perceber se eu estou a ler o dicionário.
Cerca de 200 páginas depois, não tenho grandes dúvidas: é uma das melhores obras da história da literatura. Sei quando o acabar me vai deixar um vazio dentro, e as 1030 páginas terão passado demasiado rápido. Estou contente por ter gasto mais dinheiro do que tinha na altura para comprar a edição limitada no lançamento na Ler Devagar. Percebo toda a unanimidade de críticos, escritores e leitores em torno deste livro.
Carrego, feliz, uma mochila demasiado pesada, neste caso porque a vida é demasiado curta para não a carregar.