terça-feira, 29 de abril de 2008

Faz sentido?

Andarmos todos numa filosofia de auto-controlo e livros de auto ajuda, na ilusão forçada de que o mundo é pintado de rosa com nuvens violeta e sol verde água, pode não ser a atitude certa. Ao fim ao cabo, que mal têm uns gestos impulsivos, umas explosões de humor, uns dias mais tristes, a melancolia, a raiva moderada (irónico não?), a alegria esquizofrénica?
Grandes obras de arte surgiram exactamente em momentos de letargia atípica criada pela melancolia de olhar em redor, com base na tristeza, na fúria, sofrimento, explosão de paz interior... As emoções são para ser vividas. A probabilidade de surgirem obras de arte para nos deleitarmos é mais elevada.

De um lado para o outro #1


Já que temos de andar de um lado para o outro, o hotel tem de ser bom. E, neste caso, bom significa uma cama larga com muitas almofadas num primeiro contacto; um chocolate de boas noites quando regressamos do jantar e, de manhã, um pequeno-almoço rico com fruta, pão de vários tipos e uns bolinhos. Bastam-me estas três coisas para ficar satisfeita. E o resto? O resto não interessa porque estamos em viagem de trabalho.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Agenda

Duologyguitarduo
de Mickael Viegas e Tiago Alexandre

Dia 1 de Maio, para entertenimento do trabalhador, do estudante, do desempregado e do indigente...

Fábrica de Braço-de-Prata. 22:00. Sala EPC.
(entrada geral na fábrica 5 euros)

Rossini Revival part II

Reza a lenda que Rossini só chorou duas vezes na vida. Uma foi pela morte da sua Mãe, e a outra foi uma vez que deixou cair uma travessa de Pato Rechado com Trufas ao rio, quando a transportava para a casa de um companheiro de Dolce fare niente!
O repasto, a música, o convivio, os elementos decorativos... As palavras são parcas para uma noite destas. O Mestre esteve lá, e gostou muito do que viu.
Em Maio há mais!

Desktop

Country Rockers
@Deviantart

domingo, 27 de abril de 2008

Abril e as gerações

Há uns anos um amigo meu contou-me uma piada que fez à mesa no dia 25 de Abril e que é um bom espelho da maneira como as diferentes gerações sentem o 25 de Abril.

Acabado de acordar depois de uma noitada em véspera de feriado, o meu amigo Gonçalo vai directo para a mesa de almoço onde está a familia reunida. No meio de uma conversa animada alguem relembra que não podem ir a certo sitio comprar o que precisam, porque sendo feriado provavelmente está fechado. Ele farto de saber que dia era, aproveita-se do facto de regra geral não saber mesmo a quantas anda no calendário e pergunta:

- Que dia é hoje mesmo?

De súbito abate-se o silêncio sobre a mesa, apenas etrecortado pelo engasgo que a pergunta causou à sua Tia. Até que chegam os esperados:

- Parece mentira!
- Como é que tu não sabes que dia é hoje?!?

E o Pai dele se chega à frente com o discuso:

- Este foi um dos dias mais felizes da minha vida. É o dia mais bonito da nossa história, etc...

Foi à mesa do Gonçalo mas podia perfeitamente ter sido na minha, ou na de tantos outros da nossa geração cujos pais sofreram as vicissitudes do antigo regime. Mas o facto é que nos é dificil ser militantes eufóricos de algo que não vivemos. Para nós, mesmo estando o mundo que conhecemos longe de ser perfeito, a liberdade é um dado adquirido. Não conhecemos a outra realidade, e como tal, apesar de longe de ser indiferentes (pelo menos a maior parte), não sentimos as comemorações da revolução com a intensidade que elas mereciam.

O meu amigo Júlio Resende tem um tema excelente que se chama "Filhos da Revolução"(No CD - "Da Alma", Cleen Feed 2007) , que mistura brilhantemente reminiscências da sonoridade das canções de intervenção com a linguagem jazzistica. No fundo o titulo é o que todos somos: Filhos da Revolução. Filhos ingratos talvez, de vistas curtas para perceber completamente a diferença que a nossa vida faria caso a História tivesse sido diferente, mas somos a expressão dessa liberdade conquistada.

Só espero que não se chege à cegueira, apesar do Salazar ter ganho uma palhaçada de concurso no ano passado. Espero que não se passe da miopia. Que se continue a dizer "Fascismo nunca mais", ainda que não aos gritos, porque é injusto que nos peçam tanto sentir quando pertencemos a outra era. Mas que quando morrerem os que ainda gritam os outros respeitem o que eles passaram e mantenham a dignidade de nunca mais pemitirem que nos tirem a liberdade. Nunca mais. Porque na liberdade está grande parte da dignidade humana.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Pequenas coisas que nos dão prazer #1


O silêncio.
A conversa atropelada que vai no nosso silêncio.
Poder estar por alguns momentos a conversar comigo própria no silêncio mais curioso que existe, a melodia da água.
É outro mundo.
É um prazer que o Verão traz.
É o que estou a precisar urgentemente:)

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Tratado da normalidade das coisas

Já muita gente disse que ser musico é das profissões mais bonitas do mundo. Concordo plenamente, apesar de por vezes haver alguns pontos em comum com a que dizem ser a profissão mais velha do mundo! Mas se até alguns tempos usava o chavão do surrealsmo para classificar os episódios que vivo, agora já desisti. É simplesmente a normalidade. A verdade muitas vezes mais repescada que a ficção!

O episódio de hoje foi engraçado, passou-se assim sem tirar nem pôr:

Hoje á tarde tinha acabado de dar uma aula particular quando tocam à porta. Nem eu nem o Júlio esperávamos ninguém, então acabamos por ir os dois abrir. Era já dentro do prédio, o que implicava a porta de baixo aberta. Abrimos e está um rapaz que devia ter sensivelmente a nossa idade e que nos olha com alguma espectativa. Depois diz:

- Olá, eu sou o Rui!
...
- Olá eu sou Júlio
- Olá, Tiago, prazer...

O Rui olha para o Júlio, o Júlio olha para mim, eu olho para o Júlio, o Rui olha para mim... Passam-se alguns segundos até que o Rui explica:

- Eu vi o papel lá em baixo na porta, resolvi subir, como nos outros andares estava tudo fechado e não se passava nada, segui a música e vim a este!
(Tinha ouvido o Júlio a martelar no piano)

Eu olho para o Rui, o Rui olha para o Júlio, o Júlio olha para mim e por aí fora.... Até que eu digo
- Eh pá não deve ser aqui...
- Mas obrigado pela visita...

O Rui, que até tinha cara de ser boa pessoa e demonstrou algum espírito aventureiro pede desculpa e desiste, a sentir-se provavelmente parvo, e nós descemos para encontrar a porta aberta e este papel colado ao lado:



Estava explicada a confusão pemanente dos três, eu a pensar que o Rui devia conhecer o Júlio, o Júlio a pensar que o Rui me conhecia, o Rui a pensar qual dos dois colou o papel na porta e qual não sabe o que se passa, e que fixe era ouvir um concerto agora que não tenho nada de mais para fazer...

É a normalidade da vida de músico em todo o seu esplendor...

E agora um poema...ah pois é...

Este já é velhinho...



As palavras secam
na minha boca
quando proferidas

E tu não vens

O meu corpo perde o nexo
no compasso do silêncio
sufoca a memória do teu sexo
as mãos são como feridas

E tu não vens

A minha alma a ter vagar
- tempo a dilacerar -
A minha boca fechada
no corpo hirto que esconde
a dor de te amar

E tu não vens

Rasgam-se os olhos
fendido está meu corpo
meu coração morto
é este rio a desaguar em si sozinho
metro a metro morto a morto
num mar que é um horto
Cada olhar é um ano
a boca a estalar que
Te amo

E tu não vens...

DE... O Tempo

Sobretudo sobre a perspectiva da acção do tempo sobre as coisas, sobre nós...

Ando foragido à força, o meu computador decidiu pôr termo à "vida", abandonou-me, enfim, encaro isto como o fim de uma relação, com a particularidade de que vou tentar reatar esta o mais depressa possível, estou só à espera de ter uns dinheirinhos para ver se o consigo reanimar... Sim, a nossa relação é totalmente pornográfica, eu pago e ele chega-se à frente. Não contraiu nenhum virus, logo não estou peocupado com DST's, o problema é que ou teve um AVC ou é do coração, tenho medo que já não haja retorno, vamos ver, o tempo o dirá...

A 30 de Dezembro escrevi:

É domingo,
estou de ressaca e sem ilusões...
como convém aos jograis, segréis e foliões...

As nossas ilusões terminam onde as dos outros começam...

A 11 de Janeiro escrevi:

... a tua graça infantil, a tua entrega honesta, a tua paixão de mulher tolhe quem se aproxima desprevenido. A tua beleza prendeu-me ao primeiro olhar, e da primeira vez que trocámos palavras numa conversa de café percebi que não estava seguro, tocavas-me tão leve e tao forte.
Tinha medo de te procurar não pela tua Beleza mas sim pela minha solidão.
Mas arrisquei..."a vida é demasiado curta para angústias...", e eu não quis perder aopurtunidade de saber se serias tu!
Não me arrependo nada, adoro-te, assusto-me pela efectiva possibilidade de o seres e seres tão..."nova"...
Que o sol doire o teu sorriso e me aqueça no privilégio da tua companhia.
A 16 de Fevereiro escrevi:
Não me arrependo nada...
Que o sol doire o meu sorriso no privilégio da minha ilusão, e me aqueça no frio mundo da im(possibilidades).
"A vida é curta demais para angústias..."
-----------
E é isto, misteriosos são os vaticínios do tempo... Ah, isso com o tempo passa...ah , o tempo isto ou aquilo...ah, e tal...
Do tempo o tempo o dirá... :D

The bright side of life...



...is made of simple things like this.
E as semanas esfumaçam-se.

Direcções.

Andamos todos ao nosso ritmo. No nosso ritmo. Hoje, mais do que nunca, sentimos o tempo a passar com uma rapidez arrepiante. As semanas não passam, esfumaçam-se enquanto tentamos fazer tudo a que nos propusemos, estar com todos os que queremos, sem querer perder nada.

Cada um no seu caminho faz escolhas nos cruzamentos a direccionar para outros caminhos que se afastam dos que seguem num caminho paralelo. E aproximam-se de outros caminhos. Não quer dizer que deixemos de gostar daqueles amigos. Lembramo-nos tantas vezes do que poderiamos fazer juntos. Temos saudades. Mas o mapa é outro e de alguma forma eles já não são os caminhos paralelos. Têm, não obstante, tanto valor como antes. Não ligamos, não ligam a perguntar se está tudo bem. Sabemos que estão lá. Mas se precisarmos provavelmente desabafaremos com os caminhos, que pelas circunstâncias ou não, estão mais perto e sobretudo nos procuram. Acção provoca reacção. Se somos procurados, também procuramos.

A partir de certa altura, deixei de angustiar-me. Porque é assim mesmo. Talvez faça parte embora incomode. Cada um dá o que pode, como pode e só temos que ter amizade para receber e dar mais ou tanto quanto queremos, sem esperar receber igual. Afinal, damos porque nos faz sentir bem, procuramos porque nos dá prazer. Chega a roçar o egoismo. Queremos aquela sensação que só eles nos conseguem dar. Aquela imagem nossa que só eles conseguem espelhar.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Summer


A minha previsão meteorológica diz que ele vem aí...
by ~juxxo
@Deviantart

Nos tempos de hoje.

A: De onde é que o conheces?
B: Antes da aula, fui lá fora fumar e ele também estava lá.
A: Ah!
B: Ir fumar é agora o maior centro de engate...
A: Vou começar a fumar.

Manual de metáforas para crianças em idade escolar - Vol.2

Sentado sobre um rochedo, envolvendo as próprias pernas cruzadas num abraço, numa posição fechada sobre si mesmo, ostenta em toda a sua postura e no olhar perdido ao longe uma calma infinita.
Na verdade é apenas a capacidade de esconder o imenso turbilhão interior. Pensa nas cicatrizes que lhe cobrem o corpo. Em como a sorte lhe sorriu como a um pré-destinado a cada batalha. Não escolheu nenhuma delas, antes se sentiu como um pedaço de madeira que desliza pelo Rio da Hitória, condenado ao trajecto pela sua condição inerte. Foram as batalhas que o escolheram a ele, pensa. Permite-se a alegoria gasta do Rio por não conhecer nehuma melhor. Até a realidade lhe parece deslocada ao pé de tão perfeita ilustração.

Até que chegou aos dias em que o Rio lhe mostrou a única batalha que sempre quis travar.
Nunca teve medo da morte, nem ali chegou em busca daquilo a que chamam pomposamente glória. É a sua própria vontade que o confunde. O saber-se capaz de de movimento próprio apesar da corrente do Rio.

Confunde-o a altercação do seu próprio ânimo na altura em que o Rio e a sua vontade convergem. Sabe que independentemente do resultado pode sair tão tranformado da batalha que nunca mais se reconhecerá.

E que estranho é ter-se o desconhecido em si mesmo...

O Rio flui e o peso da sua vontade leva-o a temer ser indigno única batalha que escolheu. Mas sabe que sem a vontade não somos nada. Apenas um pedaço de madeira.

Frente à sua face sente toda a imperfeição que é ser humano. Mas há-de lutar sempre. Frente à sua face, depois de tanto tempo a lutar, descobriu porque se tornou um guerreiro.

domingo, 20 de abril de 2008

MMS













Há quem ache desperdicio de dinheiro. Eu por acaso acho que enviar uma fotografia, ainda que a qualidade seja muito fraquinha, pode ser uma maneira de expressar muita coisa. E também de dizer não é apenas mais uma mensagem.

Aproveito que estive a vazar a tralha o telefone, e aí vão uns exemplos de alguns recebidos e enviados. As legendas deixo à vossa imaginação... :-)

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Recomenda-se vivamente:


5ª e 6ª no Hot Club


Grand Pianoramax, de Leo Tardin


Um grande pianista com formação maioritariamente jazzistica estende-se pela fusão com a electrónica, drum-n-bass, trip-hop. Tudo tocado a tempo real, sempre com MCs e Bateristas incríveis.


Devem ser os habituais 7 euros a entrada. Vale cada centavo.

Imperdível para quem gosta das àreas que falei.

100 Obras para ouvir antes de morrer Nº 6



Egberto Gismonti

Dança das Cabeças



Há 3 anos fiz muitos quilometros até Córdoba para ouvir um concerto deste senhor. Chegado à porta do Gran Teatro vejo um anúncio de que devido a problemas com as bagagens, a guitarra de 14 cordas do senhor Gismonti tinha ido parar não sei onde. O concerto ia ser de piano, o dinheiro dos bilhetes seria devolvido a quem assim entendesse desistir de assistir. Justo, afinal de contas era um concerto inserido no festival internacional de guitarra... Mas tal como eu, a esmagadora maioria das pessoas sabia quem era o concertista e não desmoralizou. O concerto teve 3 encores e aplausos de pé.


No ano seguinte lá estive outra vez, e a guitarra não se perdeu. (Aí está a foto proibida)


Só quem sabe a dificuldade que é dominar um instrumento pode dar valor à facilidade com que ele passa por tantos. Mas piano e guitarra toca mesmo a um nivel invulgar.
Este album é uma colagem muito bem feita de vários temas do compositor, criando uma obra em dois andamentos. Uma viagem. Sobretudo á amazónia, mas não só.
Egberto Gismonti e o percursionista Nana Vasconcelos desdobram-se pelos muitos instrumentos, percursão corporal, voz (sem letra, como instrumento também) e fazem coisas incriveis a vários níveis.


Estou um bocado cansado para descrever o indescritível, mas isto é do que melhor ouvi na vida, do que mais me tocou. Não consigo pegar na guitarra para escrever alguma coisa e esquecer que já ouvi Gismonti, e acho que isso já diz muito.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Paralelos

Numa semana em que sei que dificilmente terei a felicidade de te ter no horizonte, pensei que talvez alguma paz de espirito daí adviesse. Mas eis que das páginas de um livro salta o teu nome com todas as letras. Surpreendo-me tanto como dois dos personagens. Eis que das páginas surge a descrição de uma voz que faz com que os barcos deslizem mais rápidos. Que voz senão a tua, que me gelou o sangue das primeiras vezes que a ouvi? Que me tem suspenso?

A paz de espírito já quase esqueci o que possa ser. Nem nos refúgios obvios e habituais a encontro.

O que nos separa.

O novo Governo de Espanha, que tomou posse ontem, tem um Executivo inédito, em Espanha e na generalidade, pelo facto de ter uma maioria de mulheres.

É deveras doloroso ter de fazer constatações do género das que se vão seguir. O arrufo entre Portugal e Espanha corre-nos nas veias por muito esclarecidos que possamos ser. Está lá e pulsa mais forte em qualquer confrontação, por muito ligeira que possa ser. Não se explica, o que nos aproxima, sobretudo em termos geográficos, também nos separa em escala gigantesca. Devemos respeito aos nossos antepassados, e por alguma razão, andaram sempre às turras con nuestros hermanos evitando que de Peninsula Ibérica se passasse a Espanha num todo.

Fora tudo isto e com o sangue a fervilhar pelas palavras que antevê aqui escritas. Há que lhes tirar o chapéu por terem apanhado um comboio que não se demorou no apeadeiro. Ou se entrava ou se ignorava fingindo poder apanhar o próximo porque este estava muito cheio. Tivemos Salazar e o Estado Novo, como muitos apontam. Mas eles tiveram Franco e uma Guerra Civil. Provavelmente, foi isso mesmo. Rebentou tudo, recomeçaram do nada. Foi mais fácil do que num país em que houve uma revolução, não rebentou tudo, recomeçou-se em valores que pairavam e não sairam da mira.

No fundo, em grande parte, explica-se muita coisa pela auto-estima exacerbada que revelam. Podem ser uma grande merda mas entram em todo o lado triunfantes. Isso ajuda. Não é uma característica sublinhada nos livros de autoajuda? Nós, somos mais conformados e deixamos tudo à responsabilidade do fado. E, se achamos que estivemos mal, não só o reconhecemos, como conseguimos convencer os outros de que ainda foi pior do que pode parecer. Pensar que somos tão melhores mesmo desenrascando à última da hora. Só não nos sabemos vender. Eles sabem.

Posto isto e mais alguma coisa. Como a antecipação de negócio e o Alentejo ser praticamente compra espanhola. Como serem os directores de várias firmas sediadas cá. Ou inundarem-nos com laranjas muito brilhantes mas azedas e comerem as nossas lá.

Agora, aparecem com esta. Conformaram-se e renderam-se. Um governo maioritariamente de homens é... nada como colocar lá umas quantas mulheres, para demonstrarem porque é que algumas características de género podem fazer a diferença.

Só resta acrescentar que o primeiro Governo a ter uma maioria feminina na União Europeia foi a Finlândia. "A diferença está nos países nórdicos..." ouve-se às vezes.




sábado, 12 de abril de 2008

Máquina do Tempo


Não sei descrever o que senti quando vi esta foto. Foi tirada em Sagres em 94, num dia mágico, e eu desconhecia completamente a sua existência. Fez-me lembrar não só esse dia, mas toda uma parte da minha vida.


Pergunto-me quantas vezes mais vou ter um sentimento tão complexo na minha vida como o que ver essa foto me causou. Como disse uma vez o Jeffrey Euginides (The virgin suicides, Middlesex), para o descrever não poderiam chegar meras palavras soltas, teria de ser um daqueles comboios de palavras que só a lingua Alemã tem. E ainda assim não sei...


Ainda assim quase 15 anos depois a amizade entre os três que aí estão mantem-se regular e inabalável.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

A leveza aparente


Esta semana começou-me um pouco mal. De Domingo para 2a dormi menos do que precisava. A culpa foi das saudades que já tinha da escrita do senhor Jorge Amado. Se soubesse que ia perder a noção das horas não tinha aberto este livro no Domingo.


É uma escrita em que tudo parece tão leve, tão fácil, que nos envolve e nos faz esquecer que existe mundo. Mas em qualquer obra sua encontramos uma falsa leveza. Tudo é escrito de maneira leve, mas tem um tal peso implícito que só um inocente não o nota.


"...Apesar de seus oito anos, António Balduíno já chefiava as quadrilhas de molecotes que vagabundeavam pelo morro do Capa-Negro e morros adjacentes. Porém de noite não havia brinquedo que o arrancasse da contemplação das luzes que se acendiam na cidade tão próxima e tão longínqua. Se sentava naquele mesmo banco à hora do crepúsculo e esperava com ansiedade de amante que as luzes se acendessem. Tinha uma volúpia aquela espera, parecia homem esperando fêmea. António Balduíno ficava com os olhos espichados em direção à cidade, esperando. Seu coração batia com mais força enquanto a escuridão da noite invadia o casario, cobria as ruas, a ladeira, e fazia subir da cidade um rumor estranho de gente que se recolhe ao lar, de homens que comentam os negócios do dia e o crime da noite passada..."
Jubiabá
Obra Conjunta, Volume V a, Publicações Dom Quixote


Segue nesta simples descrição por mais um bocado, e quem acaba a caracterização do personagem, desvenda os seus sentimentos e expectativas acaba por ser a inteligência do leitor. Se fosse num plano de cinema seria uma cena parada, em que o actor teria de dizer muito sem abrir a boca, e a fotografia e o som tinham de ser muito boas para fazer justiça a esta passagem. Muita gente veria simplesmente um plano parado e chato. Há coisas que requerem preparação e pré-disposição. E gosto também.


O que é injusto é que a às custas de uma leveza aparente se maltrate a obra de Jorge Amado em sucessivas adaptações melodramaticas para novelas más.

Se alguma coisa que vi me fez lembrar a escrita dele foi o "Cidade de Deus". Aí está um grande exemplo de como a aparente simplicidade vai levando a água ao seu moínho. Tamanha quantidade de violência só é melhor pelo espectador pela maneira como é tratada. Mas a mensagem, essa acaba por passar.


É para mim a grande lição dos países pobres de climas quentes, a de que as coisas abstractas têm o peso que lhes quisermos dar. Não quer dizer que não sofram com o que se passa à sua volta, mas a maneira como encaram as coisas permite-lhes voltar a sorrir mais cedo.


Agora sem tanta divagação: Jorge Amado é um escritor enorme. Merece ser lido.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Desktop


Hope by =vaibhavv
at Deviantart

;)

Parafraseando um amigo "Às vezes, sinto-me exactamente como o Pai Natal quando os duendes não aparecem."

Óbvio.

Muito trânsito. Estamos num cruzamento. Para a frente uma enorme fila de carros. No retrovisor, outra imensidão sem fim. Cai o amarelo. O que é melhor? Avançar distraidamente, aumentar a fila da frente, impedindo a passagem dos carros do semáforo do lado direito que entretanto abriu ou simplesmente parar, se não conseguimos andar, pelo menos que andem os outros?

O trânsito gera alteração de comportamentos e sobretudo reforço extra de estupidez na maioria das vezes.

Infância

A nova campanha Compal Clássico presentea-nos com o conhecido Engenheiro Sousa Veloso, o mítico apresentador do programa TV Rural e com a música original do programa. Não consegui prestar atenção ao anúncio. Fui invadida por uma enorme nostalgia, não por saudades do programa em si, mas porque aquela música tinha apenas um significado quando era criança: a parte dos bonecos animados tinha chegado ao fim naquele Domingo.


P.S.: Percebe-se que a Compal se tente dirigir a uma faixa etária mais alta, incutindo valores de alimentação saudável, no entanto, o "já comeu fruta hoje?" seria mais eficaz porque provavelmente haverá por aí vários bloqueios espalhados com origem no TV Rural, que impedirão a campanha de ter sucesso;)

terça-feira, 8 de abril de 2008

Amizade é...


A meio da conversa, num jantar tardio, nas horas e na data (são sempre tarde porque deveriam ser todos os dias!), ouviu-se "connosco não se passa isso porque sabemos que somos amadas umas pelas outras", tivemos de imperativamente fazer um brinde à profundidade da frase e rimos muito. Gargalhámos porque sabemos que é verdade. Ali toda a gente tem apoio, ninguém tem de provar nada a ninguém, cada um é como é. Falamos quando podemos, estamos quando é preciso, mas queremos sempre estar e é isso que faz a diferença. O consolo de saber que não estamos sós.

Há prioridades que rabiscamos na agenda e há as prioridades que nem precisam estar na agenda. Amizade é esta última. São todos os que preenchem a nossa agenda sem lá estarem escritos.



P.S.:"Daqui a uns tempos, depois de algumas caipirinhas, especialidade da Sra. Dra. Advogada, na casa junto ao mar daquela que em nada se assemelha à Angelina Jolie, a não ser pela produção independente, vamos todas visitar a Comunidade e sair atrasadas para a sessão de Spa na Clínica Pedro&Rosa;)"


Vou chegar aos 89!

Quando se fica a saber que nos restam apenas 22.600 dias para gozar em pleno isto tudo cá em baixo (a acreditar que haverá um paraíso, presume-se que será sempre acima, mais para a esquerda ou para a direita, mas garantidamente acima) dá que pensar.
Deverá estabelecer-se uma lista de objectivos para que cada dia não nos escape em vão ou simplesmente viver ao sabor da corrente. Caindo, chorando, levantando, rindo. Ao sabor da corrente, não é na inércia, é ao sabor do que vai aparecendo e do que vamos fazendo para que aconteça.
Embora, no fundo, haja aquela linha condutora... tipo mão invísivel, que se não acontece à primeira, faz com que aconteça à segunda. Se tem de ser, acontece e pronto!
É aquela angústia da pergunta crucial das entrevistas de emprego. "Então e como se vê daqui a cinco anos?" Percebe-se o que está subjacente, mas... daqui a cinco anos, é muito tempo. Também nos artigos de ajuda no crescimento pessoal e profissional que andam por aí aos pontapés, há sempre uma alínea "Estabeleça os seus objectivos e não os perca de vista". Tenho alguns objectivos definidos, não cego, no entanto, a minha caminhada com eles e provavelmente isso também pode significar que aproveito cada paisagem nova que aparece. Não me parece errado. Sabe-se lá onde estamos daqui a cinco anos. Qualquer das formas, deu-me que pensar, saber que me restam 22600 dias de vida. Andará alguma coisa a passar-me ao lado por não ter um papelinho com uma lista de prioridades? Há tempo para pensar nisso, visto que a minha idade virtual (soma do estilo de vida, c saúde e forma fisica) não passa dos 12 anos, para o bem e para o mal.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Alternativas ao mau feitio

Acerca deste post da Poisoned Apple , que veio em sequência deste da Pipoca.

A única Avó que me resta pergunta-me insistentemente quando é que me caso. Ás vezes repetidamente na mesma conversa, fruto da Arteroesclerose. Eu sempre reagi mal a esse tipo de invasões da esfera privada. Se há coisa que temos de ser nós a decidir absolutamente é se casamos, com quem e quando. Quanto mais donos do nosso nariz nos sentimos, pior as perguntas e insinuações caem.

Neste caso nunca poderia responder mal à minha Avó, pelo ser humano que ela é e pelas condições em que se encontra. E se lhe quisesse só começar a explicar o que são as relações hoje em dia não conseguiria nunca. Na noção que ela tem do mundo, o casamento tem um papel que já não existe. Um papel bom apesar de tudo.

Dei por mim a inventar as respostas mais parvas que consegui, para não reponder á questão. Desde "já viu o desgosto das outras desgraçadas todas que andam prai e ficam sem casar comigo?" a:
- Eu sei que estou a demorar mais que o normal... mas é que aderi ao Islão e tou a tentar convencer várias mulheres a viverem comigo em poligamia.
- Ai Tiago, não sejas parvo!
- Não é Tiago Avó. É Mohammed.

Não sei algum dia lhe dou a alegria de me ver casado, quando eu próprio não sei algum dia estou disposto casar. Provavelmente não. Mas pelo menos vamos tendo a alegria de nos rirmos juntos nas poucas vezes que nos vemos. O mau feitio esse, com ela é como se não o tivesse.

domingo, 6 de abril de 2008

The wilder shores of love


by Cy Twombly

sábado, 5 de abril de 2008

Eu aos 20 anos era assim...

...mas às vezes demora imenso tempo até que o que escrevi faça sentido. E estas linhas foram realmente do melhor que escrevi até hoje. E hoje fazem muito sentido...



Do cimo de mim
sou apenas a noite que cai,
feliz quando o dia rompe,
cego pela luz do sol.

À margem de ti,
perdido no vento da tua alma.
Uma planicie de sentidos.
Uma chuva de desejos.

Há algo de mim
em cada àrvore que cresce,
feliz quando o dia rompe,
para sempre estático no meu eterno relento

No cume de mim
fui o dia que agora finda,
pois apenas na noite
vejo com clareza.
És o meu horizonte.

O caminho escolhido


Tive o meu primeiro flirt com a guitarra bem cedo, como se vê na foto. Infelizmente, só começei a tocar na adolescência e a pensar em ser musico aos 19. O único musico da familia era o meu tio, que continua a tocar amadoramente, no pouco tempo livre que lhe sobra, até hoje.

Para responder á pergunta da Dejando huella, do porquê escolher ser musico em Portugal, tive de pensar no caso, porque realmente nunca tinha feito esse exercício.

Na altura a principal razão foi o querer fazer algo com a minha vida que me envolvesse. A última coisa que queria era um trabalho de corpo presente, o trocar o meu tempo por horas de trabalho para no fim do mês ter uns trocos e comprar umas coisinhas bonitas. Não tinha a mínima noção de como era a vida de um musico, mas não me enganei no principal... Se há pessoas que não nasceram para tarefas que nunca acabam e para um trabalho que lhe faz pesar a consciência de cada vez que estão um dia sem lhe pegar, há outras que precisam de algo assim para que a vida faça mais sentido.

Escolhi ser musico porque o prazer de me levantar todos os dias para fazer algo que gosto muito compensa tudo o que se perde. O lazer, o relacionamento com o tipo de pessoas - sejam amigos ou namoradas - que requerem muita atenção, etc...

Ser musico em Portugal ainda tem mais uns contras, é uma grande verdade, mas eu não encontro uma indiferença cultural tão gritante como isso. Se se é bom musico talvez não se passe assim muitas necessidades, mas é possivel que seja eu que tenho outras prioridades que não a estabilidade de uma conta bancária gorda. Vou fazendo os possiveis por ser bom naquilo que faço e esperando que a coisa não corra muito mal.
Realmente há muito público que vai á partida com "sete pedras na mão" para os concertos, que agem como se nos tivessem a fazer um favor quando vão ver um concerto. Tenta-se por tudo na maior parte dos sitios pagar o minimo possivel, quando não se arranja ninguém que toque de graça, etc... Não é um mar de rosas, garantidamente. Mas vai-se aguentando por tudo e todos os que fogem a essa regra e fazendo os possiveis por mudar as coisas. E porque tendo alguma consciência do que é bem e mal feito na minha área não sinto necessidade de um reconhecimento desmedido. Se algum dia achar que é tudo demasiado ingrato, não tendo vocação para coitadinho, mudo para outros ares. Sei que há sitios onde as coisas são diferentes.

Em resumo, sou musico porque tenho os valores diferentes das outras pessoas, e se não fosse musico era provável que fosse menos feliz. Não acho que isso seja melhor do que outras maneiras de estar na vida, mas esta é a minha...

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Em que ficamos?


O tempo vai passando, a vida correndo e vamos mudando, não na essência, são limadas algumas arestas. Adaptadas. Aprendemos a lidar com algumas situações, a reagir da forma que achamos mais justa, tiramos lições do que nos acontece, por vezes caimos novamente no mesmo erro e, na realidade, tentamos adaptar-nos ao que nos rodeia de forma a proteger-nos. A ideia da bolha Actimel muitas vezes não é suficiente. Deixa passar factos que nos provocam emoções, que nos atingem... Aquilo de facto é mesmo só para as bactérias e saúde. A nossa forma de pensar muda invariavelmente com o que se vai desenrolando todos os dias, com as pessoas com quem nos vamos cruzando. Seguimos dando e recebendo.
Será que não precisamos de determinadas coisas porque não precisamos mesmo ou não precisamos porque simplesmente nos convencemos que não nos fazem falta. Se acreditamos não precisar das coisas, nem as pedimos. Se por não nos darem essas coisas, julgamos que afinal não precisamos. E acreditamos que não precisamos. Até ao momento fugaz em que sentimos falta dessas coisas e ficamos sem saber se é suposto precisar. Em caso de dúvida dizemos que não. É mais fácil.

Power Girl.

Como alguém comentava, hoje em dia, é Power tal para cá, Power tal para lá e eis que no meio disto tudo há o conceito Power Girl para arreliar.

Power Girl é...

...a que trabalha com gosto e emoção;
...a que consegue, milagrosamente, ter tempo para estar presente. Pode não estar sempre, mas quando é importante está lá;
...a que é tolerante com os outros;
...a que tropeça distraída na calçada e ainda se ri;
...a que gargalha de si própria;
...a que chora baba e ranho quando é imperativo esgotar o stock de lenços em casa;
...a que veste aquela lingerie especial só para ele;
...a que está muito bem sozinha e desempedida;
...a que não resiste a uma fatia de bolo de chocolate;
...a que não pára a dieta nem por nada;
...a que se perde nas compras;
...a que refila e refila e refila;
...a que é independente;
...a que gere uma famila;
...a que tem sempre uma palavra amiga para amenizar;
...a que passeia o cão às 07h00 da manhã;
...a que não resiste a uma cosquice;
...a que vai ao ginásio;
...a que não sai do Spa;
...a que manda todos à merda...


Nunca mais acabaria a enumeração. No fundo, Power Girl são todas as que vivem bem consigo próprias e com a vida, independentemente da versão que possa ser assumida. Até podem vestir-se de amarelo! Nunca se sabe, é uma coisa que não se vê logo à primeira. São as que estão sempre bem, bem dispostas e que são fortes. Não se deixem iludir... porque precisam de tanta atenção como todas as outras e podem ser mais frágeis do que parecem. E isso torna-as ainda mais maravilhosas. Ainda não se cruzaram com nenhuma?

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Falemos sobre o tempo

Há umas duas semanas, quando eu disse que na próxima ida à casa algarvia já ia dar um belo mergulho á praia, olharam para mim como se tivesse enlouquecido.

Já dizia um amigo meu: Eu falo mas ninguém m'acredita!!!

Depois logo vão pra lá em Agosto, que aquilo bonito é nessa altura.

Hoje no S. Luis

Bem, como o meu computador morreu, ainda não é desta que vou poder responder às muitas questões que têm surgido aqui no nosso cantinho.
Mas fica aqui a sugestão para hoje às 21h, também toco no S. Luís, com um quarteto de saxofones que não tem nome nem vai ter, mas apareçam, fechamos com Piazzolla, eu serei aquele com pinta de samurai...(private joke)

Parece que já por aqui anda uma ciumeira por causa de braços dados...e ainda por cima a bater em instrumento alheio...mise-en-cene...gostei. E eu que tinha uma que achava muito original: "Olha, queres ser o meu morfema de género?"

Fiquei rendido..."Vem ser a didascália da minha mise-en-cene"...(vem que eu dou-te uma pancadinha...hehehe).

Pois é, Viva o Rossini à La Carte!
Jantares de Blog é para continuar, a ver se dão o braço ao meu parceiro para n ficar tristonho...:)
De pai natal é que é, porque desde que me contrataram para tocar num cocktail, e depois quando cheguei queriam que eu andasse a tocar na rua ao lado das "meninas dos flyeres"(era a inauguração de uma clínica) por meia duzia de tostões (e uma pessoa pensa que ,de facto, uma licenciatura em música...dá o mesmo dinheiro que uma em distribuição de publicidade)...venha o natal e a baixa dos charlatões, paguei as propinas com o barrete vermelho...

E pronto, agora tem que ser assim tudo tipo telegrama.

PS- essa história da power girl agrada-me...:D